Mercado: O pior já passou?

Existem várias formas de se medir o tempo. Quando medimos em anos cada cultura parece ter a sua. Existe o ano novo chinês, o ano novo judaico, o ano novo ocidental e o ano novo brasileiro. Sim, nós temos nosso calendário particular e ele começou em março, depois do carnaval, é claro.

E o ano realmente começou bem. Ao ler as estatísticas e ver alguns resultados começo a acreditar no economista Stephen Kanitz, quando ele diz que o pior já passou, no caso do Brasil. Segundo Kanitz “mesmo que o PIB do Brasil caia em 2009, como muitos economistas querem, 45% das empresas estarão crescendo, e somente 55% estarão em queda. Portanto, noticiar(resultados ruins de algumas) empresas não significa noticiar tendências.” Kanitz ainda puxa as orelhas da imprensa quando comenta o exagero na divulgação da queda do PIB-“A queda do PIB em dezembro já havia sido superada, e seria um desserviço ao público leitor divulgá-la com muito estardalhaço sabendo-se que janeiro e fevereiro foram meses positivos. Estou até com medo dos dados de março: com juros 20% menores, teremos um crescimento ainda maior, a ser sentido sobretudo a partir de abril.” Conclui ele.

Sim, a gente sentiu uma onda forte, digamos uma ‘ressaca do mar’, mas as coisas estão melhorando a partir de onde precisam começar a melhorar. O consumidor retomou a confiança e as vendas estão crescendo e tudo caminha para uma recuperação. OBrasil, após a China, é o país que está em melhores condições. Uma parte da imprensa errou na forma como anunciou o PIB do terceiro trimestre de 2008, quando disse que “teve crescimento negativo” (o que não ocorreu, pois houve queda e não crescimento negativo), logo em seguida aparece a notícia que eu esperava: “O crescimento de 1,4% nas vendas do varejo em janeiro.”

Voltando a divulgação do PIB do terceiro trimestre, uma parte da imprensa cometeu um erro absurdo. Alguns divulgaram crescimento negativo; outros veículos divulgaram a queda do crescimento.

Crescimento negativo seria o mesmo que dizer que o país encolheu, a exemplo da Inglaterra, Japão e Estados Unidos. O erro foi primário, pois somando o ano todo crescemos mais de 5%. Mas esta não era a notícia. Em minha opinião, a notícia seria “Apesar da crise, Brasil cresce mais 5% em 2008”. Criaram uma confusão na cabeça do consumidor e logo em seguida consertaram a besteira. Sim, caímos no quarto trimestre! Era esperado, pois além dos problemas que seriam ocasionados nas empresas que tinham seus faturamentos atrelados ao mercado internacional, (que está passando por maus momentos) a indústria, com medo, pisou tão forte no freio que fedeu a borracha queimada. Deu férias coletivas quase que de forma geral e ficou esperando o que viria. Tudo isso ajudou a diminuir o resultado, mas não era razão para tanto pessimismo.

Um número me deixou particularmente animado. Segundo dados divulgados (12) pela Administração Estatal de Estatísticas da China, nos primeiros dois meses deste ano, o valor total de venda no varejo de bens de consumo ultrapassou dois trilhões de yuans, aumentando 15,2% em comparação com mesmo período do ano passado.

O valor nas cidades chegou a 1,4 trilhão de yuans, e nos distritos e no nível inferior ao distrito também excedeu 650 bilhões de yuans. O atacado e o varejo representaram mais de 80% do número total, e as áreas de hotelaria e restaurantes registraram aumento de 19%, o maior crescimento do setor.

Mesmo assim alguns me questionaram sobre a minha visão quando souberam do resultado do PIB. Minha expectativa era que a leitura que tinha do mercado, mas a movimentação que estava acontecendo nas lojas confirmasse essa retomada. Digamos que seria um “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.” A aposta parecia certa já que as coisas no comércio pareciam se posicionar na direção do “keep walking”.

As liquidações de janeiro com suas tradicionais ‘galinhas-mortas’ estavam sim puxando a reação. Aliás, janeiro foi melhor que dezembro, e assim podemos afirmar que no natal o brasileiro come peru, solta fogos no ano novo, mas compra presente em janeiro. Em dezembro, só lembrancinha mesmo.

Mas vamos aos números que mostram que a gente está caminhando para fora da crise.

As vendas de veículos importados apresentaram forte expansão (23%) em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo período de 2008, segundos dados da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores). No varejo, foram vendidas 1.998 unidades em fevereiro, alta de 23,3% sobre fevereiro de 2008 (1.620) e de 3,36% na comparação com janeiro deste ano (1.933). Para quem não sabe a Abeiva reúne as marcas BMW, Chana, Chrysler, CN Auto, Dodge, Effa Motors, Ferrari, Jeep, Kia Motors, Maserati, Pagani, Porsche, SsangYong e Suzuki.

E faltou carro novo em fevereiro em algumas concessionárias.O mercado registrou um aumento de 5,11% nas vendas em relação a dezembro de 2008. Mas, ao mesmo tempo, as montadoras estavam pisando no freio e dando férias coletivas aos funcionários. Resultado: agora já faltam alguns modelos novos no mercado. É o segundo mês consecutivo de crescimento desde setembro, quando a crise financeira jogou água fria num setor que vinha registrando recordes de vendas.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que as vendas em fevereiro de 2009 totalizaram 199,4 mil unidades, o que representa um crescimento de 1% ante janeiro e uma redução de 0,7% ante fevereiro de 2008. No acumulado do bimestre, foram comercializadas 396,8 mil unidades, um volume 4,6% inferior ao registrado em igual intervalo de 2008.

Segundo a entidade, foram produzidos no segundo mês do ano 201,7 mil veículos, o que representa crescimento de 9,2% ante janeiro. Na comparação com igual mês do ano passado, a produção caiu 20,6%. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, foram produzidos 386,5 mil veículos, com retração de 24,1% sobre o mesmo período de 2008.

As exportações, segundo a ANFAVEA , somaram US$ 538,8 milhões em fevereiro de 2009, com crescimento de 27,1% ante janeiro. Na comparação com fevereiro de 2008, as vendas externas caíram 49,2%. No acumulado do bimestre, as exportações totalizaram US$ 962,7 milhões, com recuo de 53,8% ante igual período de 2008.E olha que este é um setor que está à beira da morte no exterior.

Apesar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado uma queda de 12% na produção de eletrodomésticos em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2008, uma categoria do setor tem ficado fora dessa estatística. A produção dos aparelhos com telas de plasma e cristal líquido (LCD) apresentaram forte crescimento no primeiro mês de 2009 em relação a janeiro do ano passado. De acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), as empresas do pólo produziram 244,1 mil televisores de LCD em janeiro, 122,87% a mais que no mesmo mês do ano anterior. A produção de televisores de plasma passou de 10,7 mil para 25,5 mil no mesmo período.

Para este ano, a expectativa é bastante otimista quanto ao mercado de televisores de telas finas. De acordo com estimativas da Eletros, a produção de LCD deve ficar em 3,6 milhões de unidades, ante as 2,6 milhões produzidas em 2008, e a produção de plasma deve ficar em cerca de 400 mil, ante 332,7 mil unidades em 2008. Já a produção dos televisores com cinescópio, ou tubo de imagens, continua em queda. Depois de produzirem 10,3 milhões de unidades em 2007, a produção do pólo caiu para 7,9 milhões no ano passado. Agora, no primeiro mês do ano, as fabricantes instaladas em Manaus produziram 408,1 mil televisores, ante 463,3 mil televisores no mesmo mês do ano passado. A produção anual de televisores de tubos deve ficar em cinco milhões de unidades, segundo estimativas da Eletros.

A B2W, a maior varejista online do país controladora das lojas virtuais Americanas.com, Submarino, Ingresso.com e Shoptime encerrou o ano passado com lucro líquido de R$ 77,44 milhões, o que representa um crescimento de 24,5% em relação ao exercício anterior, quando o ganho somou R$ 62,2 milhões.

Com alta de 24,56% ante 2007, a receita líquida fechou 2008 em R$ 4,47 bilhões. O custo dos produtos vendidos avançou em proporção semelhante, 25,5%, para R$ 2,2 bilhões. Da mesma forma, as despesas operacionais cresceram 26,2%, para R$ 794 milhões. No quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido da companhia ficou em R$ 29,6 milhões, uma alta de 26,2% ante os três últimos meses de 2007.

Mato Grosso do Sul foi um dos três Estados da Federação que apresentou maior crescimento do comércio varejista em janeiro de 2009, 12,8%, em comparação ao mesmo período do ano passado. E na Bahia, meu rei, as vendas foram 2,8% maiores em relação ao mesmo mês de 2008 de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC/IBGE).

As vendas nos supermercados cresceram 6,54% em janeiro em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Em relação a dezembro de 2008, principal mês de vendas do setor, o faturamento dos supermercados caiu 22,96%.

De acordo com a Abras, as ofertas e liquidações de janeiro também contribuíram para o aumento das vendas. “Os reflexos da crise ainda não chegaram à mesa dos brasileiros”, destacou a Abras, em nota divulgada à imprensa.

Em termos de Brasil, em janeiro as vendas varejo registraram alta de 1,4% na comparação com dezembro do ano passado. No mesmo período, a receita gerada pelo setor também teve elevação e fechou o mês com acréscimo de 2,1%.

De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação ao mesmo período de 2008 o volume de vendas cresceu 6,0% e acumulou alta de 8,7% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro. Já a receita sofreu elevação de 11,9%, tendo acumulado expansão de 14,7% nos últimos 12 meses.

Em janeiro, sete das dez atividades pesquisadas apresentaram avanço no volume de vendas e o setor que mais se destacou foi o de veículos e motos, partes e peças, que avançou 11,1% na comparação com dezembro. Em seguida, aparecem móveis e eletrodomésticos (7,1%), artigos de uso pessoal e domésticos (5,8%) e tecidos, vestuário e calçados (2,2%).

O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo teve expansão de 0,3%, inferior à verificada em dezembro (0,6%). No confronto com o mesmo período de 2008, no entanto, o setor teve acréscimo de 7%, sendo responsável pela principal contribuição (41%) da taxa do varejo.

A Associação Brasileira da Indústria Eletroeletrônica (Abinee) projeta que o faturamento do setor de informática terá crescimento de 12% este ano , chegando a R$ 39,511 bilhões. É o maior crescimento esperado entre os setores que compõem a indústria eletroeletrônica, seguido por equipamentos industriais (10%), Geração, Transmissão e Distribuição – GTD (6%), material de instalação (4%), automação industrial (3%) e componentes (2%). E as previsões da Abinee fazem sentido. A venda de máquinas em fevereiro foi melhor que janeiro e em março promete um número ainda maior com foco nos notes e netbooks.

Enfim, quem acreditou que podia crescer e se preparou para desfrutar desta oportunidade está feliz agora. Porém, aqueles que acreditaram em tudo que é pessimista de plantão e não avaliam mais profundamente o que está acontecendo devem estar comprando lenços para chorar o lucro ‘derramado’.

Como disse o comentarista da CBN, Carlos Alberto Sardenberg-“Alguns crescerão menos. Outros andarão para trás.” Resta saber de qual lado você vai estar. CRIE!

A propósito, caro leitor, tem muita gente achando que Deus é mesmo brasileiro, pois o Ronaldinho está dando certo no Brasil e o Rubinho Barrichello não vai precisar dar entrada no seguro-desemprego. E pelo andar da carruagem, tudo indica que este ano vai ser Massa! E ainda, se você está acompanhando o que temos escrito sob o tema, já sabe o que deve fazer, portanto, acelere, amigo!

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Redação Geral

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