HP compra EDS em desafio bilionário à IBM

A Hewlett-Packard planeja comprar a empresa de serviços de tecnologia Electronic Data Systems para competir melhor com a IBM, mas analistas de Wall Street questionam se a operação avaliada em 12,6 bilhões de dólares não foi muito cara em se tratando de uma companhia de crescimento lento.

As ações da HP despencavam quase 7 por cento depois que o acordo foi anunciado nesta terça-feira. Na véspera, os papéis já tinham recuado 5 por cento em antecipação ao anúncio. As quedas eliminaram 13 bilhões de dólares em valor de mercado da HP, para 108 bilhões de dólares.

A compra da EDS deve catapultar a HP para o segundo lugar no mercado global de serviços de tecnologia, atrás da IBM. A EDS traz para a HP uma forte base em terceirização de infra-estrutura e a companhia combinada ficará melhor equipada da para atrair grandes clientes e cortar custos, afirmam analistas.

Entretanto, nem a EDS nem a HP são fortes no segmento sofisticado de consultoria, que é um ponto de destaque para a IBM, afirmam especialistas no mercado.

Brent Bracelin, analista na Pacific Crest Securities, citou que a EDS obtém metade de sua receita de clientes governamentais e do setor de serviços financeiros, que não são clientes que geram alto crescimento.

“O que os investidores estão preocupados é o que acontecerá nos próximos seis meses”, disse Bracelin. “Eu creio que há ainda algumas preocupações sobre como extrair valor do acordo.”

A aquisição será a maior da HP desde a compra da Compaq por 19 bilhões de dólares em 2002 e a mais ambiciosa sob o comando do atual presidente-executivo, Mark Hurd. A oferta avalia a EDS em 25 dólares por ação, um ágio de 33 por cento sobre o fechamento do papel na sexta-feira. Incluindo dívidas, o valor do acordo é de 13,9 bilhões de dólares, informaram as empresas.

A HP informou que pagará a transação com dinheiro e emissão de dívida. A empresa encerrou o trimestre com quase 10 bilhões de dólares em caixa.

“Eu diria que o acordo, em minha opinião, é um pouco caro, mas nós temos que olhar os detalhes”, disse Jeff Embersits, diretor de investimentos da Shareholder Value Management, que detém ações da HP.

Ele informou que um item importante é saber como a EDS será integrada para se tornar um negócio mais lucrativo.

A HP espera fechar o acordo no segundo semestre de 2008 e ampliar seu lucro a partir do negócio combinado no ano fiscal de 2009 e 2010.

MERCADO LUCRATIVO

A HP há muito vinha considerando uma aquisição para ampliar seus negócios com serviços de tecnologia, um segmento que oferece uma fonte de receita relativamente estável e altas margens, mesmo em momento de desaceleração econômica.

O faturamento mundial da indústria de serviços de tecnologia subiu 10,5 por cento em 2007, para 748 bilhões de dólares, segundo a empresa de pesquisa de mercado Gartner. A IBM liderou o segmento com uma participação de 7,2 por cento, com a EDS aparecendo em segundo com 3 por cento. No ranking do ano passado, a HP aparecia em quinto, com fatia de 2,2 por cento.

“A aquisição deve mais que dobrar os negócios da HP com serviços e cria uma força global na indústria de serviços de Tecnologia da Informação (TI). Seremos um parceiro comercial mais forte, entregando aos clientes o mais amplo e competitivo portfólio de produtos e serviços da indústria”, disse Hurd a analistas durante teleconferência.

A companhia combinada terá receita anual com serviços de mais de 38 bilhões de dólares e 210 mil funcionários, informou a HP. A IBM, enquanto isso, teve faturamento de 54,1 bilhões de dólares com serviços no ano passado.

Analistas disseram que o acordo deve disparar uma onda de consolidações já que rivais muito menores como a Infosys Technologies, Tata Consultancy Services, Wipro e Cognizant Technology Solutions lutarão para se manterem competitivas.

A EDS também compete com norte-americanas como a Accenture, Computer Sciences Corp e Affiliated Computer Services .

A HP planeja formar um novo grupo de negócios que será organizado no atual prédio da EDS no Texas. A divisão será comandada pelo atual presidente-executivo da EDS, Ronald Rittenmeyer.

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Redação Geral

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