10.864 KM POR 17 ESTADOS COM UMA CG 150. Por Igor Pires

10.864 KM POR 17 ESTADOS COM UMA CG 150. Por Igor Pires
  • Escrito por Igor Pires

CG_150_Fan_1Vou compartilhar com vocês o relato de uma viagem de moto que fiz em fevereiro deste ano com a minha Honda CG 150 Fan. Eu saí de Farroupilha no Rio Grande do Sul e fui até o Piauí pelo interior do Brasil, passando pelo Pantanal e o Sertão e retornei pelo litoral brasileiro. Percorri ao todo 10.864 km de estradas de 16 estados e o Distrito Federal em 23 dias.

Durante dois anos me programei para viajar de moto pela América do Sul, mas não deu porque sempre tive que adiar as férias por causa do muito trabalho a fazer. Como sou um cara tranquilo, me conformei, mas sempre mantive a meta de realizar meu sonho no ano seguinte. Mas esse período de espera foi bom porque cheguei à conclusão que, antes de conhecer a América do Sul, deveria conhecer o meu próprio país. Então decidi fazer uma viagem de moto pelo Brasil.

Adiei meus planos iniciais e comecei a pensar sobre onde ir, por onde passar, comecei a conversar com amigos, pesquisar na Internet e ouvir relatos de outros viajantes. Roteiro definido, data da viagem definida e o mais importante, férias definidas, então #PartiuBrasil.

No primeiro dia a ideia era ir até Capitão Leônidas Marques (PR), mas foi muito melhor, consegui chegar até Mundo Novo (MS) sem nenhum problema, apenas um temporal no Paraná que serviu para refrescar o calor.

No segundo dia de viagem eu saí de Mundo Novo e meu destino era Bonito (MS). Chegando lá me encantei com a cidade. Procurei por um hotel, me instalei e marquei um passeio para o dia seguinte, que incluía flutuação na nascente de um afluente do Rio Formoso. Um passeio incrível, um pouco caro, mas o visual compensa.

No segundo dia na cidade fiz um passeio no Rio Formoso. Na verdade, no Balneário Municipal de Bonito, lugar simples, mas muito bonito, como toda a cidade.

No dia seguinte sai cedo em direção a Jataí (GO) passando por Campo Grande (MS), No trajeto, muita chuva e muito calor. Quanto às paisagens, na região Centro Oeste não muda muito, quase só plantações de soja e cana. Na saída de Campo Grande encontrei um companheiro de estrada, ou nem tanto: ele me contou que estava indo para Goiânia (GO), então convidei-o para viajarmos juntos. Ele concordou, mas como a sua moto era mais potente que a minha, ele sumiu na minha frente. Não entendi porquê ele concordou em viajarmos juntos se não quis me esperar, mas tudo bem, continuei sozinho até Jatai.

No sexto dia de viagem eu sai de Jataí por volta das 8 horas e meu próximo destino era o Distrito Federal. Logo na saída de Goiânia o meu “amigo” da estrada do dia anterior passou por mim e, para variar, sumiu de novo. Cheguei a Brasília (DF) no meio da tarde, mas não tive como parar na cidade devido ao excesso de chuva. Fui direto procurar um hotel e encontrei em uma cidade logo depois de Brasília chamada Sobradinho (DF).

O dia seguinte amanheceu seco e com o sol querendo aparecer, portanto era a chance de ao menos passar pela esplanada dos ministérios e foi o que fiz. Fui até Brasília e passei pela esplanada. A cidade é incrível, muito bem planejada, com ruas largas e muito organizada. Mas estava na hora de seguir viagem e foi o que fiz. Depois de algumas fotos, rodas na estrada novamente. Fui em direção a Luís Eduardo Magalhães (BA). Durante o trajeto, muita soja e cana. Resumindo, mudei de estado, mas não mudou a paisagem. Mas o calor, nossa, esse só aumentava. Mas vamos lá.

Chegando à cidade uma surpresa, o crescimento e a expansão estavam lá. Cidade grande, em pleno desenvolvimento, muitas obras, inclusive na rodovia. Apenas pernoitei na cidade. Na recepção do hotel vi a foto de uma cachoeira e perguntei ao recepcionista como fazer para chegar até ela, então decidi que no dia seguinte iria conhecer, mas descobri que teria que andar 25 km por uma estrada de terra e não havia nem uma casa por perto, portanto não seria viável. Foi então que ele me falou de outra cachoeira que era na mesma direção, mas por estradas pavimentadas e igualmente bonita.

No dia seguinte sai cedo do hotel e fui em direção à Cacheira do Acaba Vida. Muito bonita como ele havia me relatado, cercada de lendas, um lugar incrível. Mas estava na hora de ir em direção ao estado do Piauí, mais precisamente para a cidade de Gilbués, onde cheguei no fim da tarde. Um lugar muito pequeno e onde casualmente estava tendo um comício do atual prefeito, explicando algumas irregularidades do seu governo. Resumindo, toda a população estava na praça central e eu chegando na cidade, mas foi tranquilo. Procurei pelo hotel, me instalei e fui direto para a cama, pois o calor me castigou durante o dia.

No nono dia de viagem o destino era Picos no Piauí. Sai no meio da manhã do hotel e o calor estava demais. Região muito seca, gado magro e o sol parecia queimar a pele através da roupa. Me informei qual o melhor caminho e me indicaram uma estrada que tornava o percurso mais curto. Quando cheguei vi que era de terra, mas estava muito longe para voltar, então segui em frente. Resumindo, foi a melhor decisão que tomei, pois conheci uma família da região. Parei para conversar com eles e a primeira pergunta foi “como era viver naquele local seco e sem infraestrutura?” A resposta foi taxativa “Aqui não se vive, aqui nós sobrevivemos”. Fui o restante do caminho pensando naquela frase. Enfim, depois de muita poeira, calor e suor, cheguei a Picos (PI). Faziam agradáveis 33° às 19h30. Fiquei maginando a temperatura no início da tarde. Procurei por um hotel e fui tomar um belo banho para tirar toda a terra e depois descansar.

No dia seguinte o destino era Fortaleza, onde cheguei no meio da tarde e fui recepcionado pelo meu amigo Ismael e sua esposa Renata. Por sinal, estavam muito felizes e eu também é claro, por ter chegado lá. Fiquei na cidade de quinta-feira até o domingo. Meus amigos me mostraram boa parte da cidade, as praias de Iracema, Meireles e Futuro, lugares por sinal lindos de encher os olhos.

No domingo sai de Fortaleza e Fui em direção a Natal (RN), mas no meio do caminho passei por Canoa Quebrada pra conhecer o lugar, que é lindo e indescritível, mas caro.

Após algum tempo na cidade, sai em direção a Natal. Já era noite quando cheguei à cidade e me dei muito mal, pois rodei por 11 hotéis e só consegui um quarto no décimo segundo e, casualmente, foi a estadia mais cara que paguei durante toda a viagem. Mas tudo bem, estava cansado devido ao calor em demasia que havia passado durante o dia.

No dia seguinte fui conhecer a praia de Ponta Negra, muito bonita e enorme. Outro ponto turístico foi o Morro do Careca, que tinha vontade de subir, mas o local agora é fechado a turistas porque a secretaria do meio ambiente de Natal alega que estavam destruindo a vegetação ao redor do morro e por isso foi fechado há 8 anos, conforme um morador do local.

Retornei ao hotel, tomei um banho e fui em direção a João Pessoa. Mas antes, uma passada por Parnamirim (RN) para conhecer o maior cajueiro do mundo. Local bacana, a árvore ocupa uma área de mais ou menos cem por cem metros.

Segui viagem e passei pelo litoral sul do Rio Grande do Norte, muito bonito. Depois segui em direção a João Pessoa. Chegando lá, fui direto ao Zoológico da Capital. Muitos animais, na maioria aves, mas haviam felinos, mamíferos e répteis. Vale a pena conhecer. Antes de entrar, conheci os amigos Paulo e Andreia. Paulo é natural de João Pessoa e foi meu guia no Zoo, juntamente com Andreia, que nunca havia estado ali. Após o passeio, eles me guiaram até o centro da cidade, onde procurei um hotel e me hospedei.

No dia seguinte marquei de me encontrar com Paulo e um amigo dele que viria de Recife, para me conduzir até lá, depois de mostrarem João Pessoa. Como os dois demoraram para chegar, sai sozinho e fui até a Fortaleza de Santa Maria. A visita me deixou um pouco triste, pois fazem Carnaval no interior da Fortaleza, que por ser um lugar histórico deveria ser mais preservado.

Saindo de João Pessoa, fui em direção a Olinda e Recife. Na entrada da cidade de Olinda, havia uma placa indicando por onde seguir para a rodovia, mas como queria conhecer as duas cidades, entrei. Mal sabia o que me esperava. Imaginem Recife e Olinda em plena terça-feira de carnaval… É isso mesmo, muita gente, ruas trancadas, trânsito pesado e muito pouca informação sobre como sair da cidade ou para as praias mais famosas. Perguntei a um taxista e ele me orientou como chegar à Praia de Boa Viagem, que por sinal estava lotada, não havia lugar para mais nenhum guarda-sol. Naquela hora o que mais tive vontade de fazer era sair daquele tumulto. E foi o que fiz. Fui na direção do litoral sul de Pernambuco e encontrei uma cidade chamada Tamandaré, onde conheci um casal de gaúchos que era proprietário da pousada em que me hospedei, chamados Themys e Donaldo, que largaram tudo no Rio Grande do Sul e foram para Pernambuco. Foi onde matei a saudade de tomar chimarrão.

No segundo dia em Tamandaré, fui conhecer a Praia dos Carneiros, onde caminhei sete quilômetros para fazer um passeio de barco que não aconteceu devido à pouca procura. Resumindo, ninguém queria fazer o passeio, só eu. Retornei os sete quilômetros até a pousada e tratei de descansar, pois no dia seguinte a estrada me aguardava.

Sai em direção a Pirambu (SE) por uma estrada praticamente toda à beira mar e muito Boa. Aliás, no geral, em todos os lugares que andei as estradas estavam em boas ou ótimas condições a não ser no meu estado, onde as estradas estão em péssimas condições.

Hospedei-me na Praia dos Castelhanos, uma praia muito pequena e com pouca infraestrutura, mas tudo bem, precisava apenas de uma cama e um bom chuveiro.

No dia seguinte parti em direção à Bahia. Salvador me esperava e foi incrível. O centro histórico, elevador Lacerda, pelourinho e a igreja de nosso senhor do Bonfim, onde inclusive fiz dois amigos vendedores de artesanato que ficam no entorno da igreja. Passei cerca de duas horas conversando com Ruy e Valdete, muito simpáticos e divertidos. Como o sol estava alto ainda, resolvi seguir em frente, fui pegar o ferry boat para atravessar de Salvador para Vera Cruz na Ilha de Itaparica, onde passei a noite. Na saída do ferry, um temporal muito forte, muitos trechos alagados, caiu a noite e fiquei no primeiro hotel que encontrei, por sinal, horrível, muito ruim mesmo, com certeza o pior de toda a viagem.

Acordei cedo e parti em direção a Ilhéus no litoral sul da Bahia. Ilhéus é linda, construções antigas e muito cacau e chocolate também, é claro, muito bom, mas o cacau é uma fruta muito azeda.

Seguindo viagem, fui em direção a Conceição da Barra (ES), um lugar tranquilo e muito bonito, assim como todo o litoral do Espirito Santo. Não haviam muitas opções de hotel, então fiquei no primeiro que encontrei, bem aconchegante e próximo a um restaurante. Para mim estava perfeito.

No outro dia minha meta era chegar ao Rio de Janeiro. Me assustaram um pouco, dizendo que era perigoso, que poderia ser assaltado, por isso passei direto e o Rio ficou para uma próxima viagem. Fui direto para Angra dos Reis, onde fiquei em uma pousada praticamente ao lado da Central Nuclear, muito confortável e administrada por duas irmãs que não lembro o nome. Pedi uma pizza e fui descansar, pois no dia seguinte tinha mais estrada pela frente e eu mal sabia o que me aguardava.

Sai em direção a Ubatuba (SP), subi a Serra do Mar pela Rodovia dos Tamoios e depois segui pela BR-116 até São Paulo, onde o bicho pegou. Caiu o maior pé d’água e em 15 minutos a cidade se transformou, virou um caos. Alagamentos e congestionamentos enormes. Enfim, minha meta era chegar a Registro, mas não deu. Tive de pernoitar em Juquitiba. Ainda bem, pois conheci os amigos Mauro e Vânia, Marcos e Guacira e João e Sirlei, com os quais mantenho contato até hoje e com os quais concluí a minha viagem até o Rio Grande do Sul.

No dia seguinte parti com meus novos amigos em direção ao Sul. Conseguimos chegar a Barra Velha (SC). À noite fomos jantar em um restaurante próximo ao hotel, onde nos hospedamos.

No dia seguinte tomamos um chimarrão e saímos com destino a Palhoça, mais precisamente a Praia da Pinheira. Chegamos por volta do meio dia, almoçamos em um restaurante ótimo e fomos procurar um hotel. Encontramos um bem no centro da cidade, muito bom por sinal. À noite saímos para jantar em outro restaurante. Comemos muito bem e não pagamos muito caro, foi bem acessível. Retornamos ao hotel e fomos descansar.

No dia seguinte a meta era dormir em casa e consegui, assim como meus amigos. Cheguei em casa no fim da tarde, com saudade dos amigos, com muita história para contar e uma vontade enorme de fazer tudo de novo.

Roteiro_Viagem_Brasil

  • Moto: Honda CG 150 Fan
  • Estados visitados: 16 mais o Distrito Federal
  • Distância percorrida: 10.864 km
  • Duração da viagem: 23 dias
  • Valor gasto, com tudo incluso (combustível, estadia, refeições e presentes): R$ 4.300,00

O ponto positivo desta viagem foram as belas imagens que tenho registradas em minha memória juntamente com os amigos que fiz ao longo do caminho e que conservarei para sempre.

O ponto negativo foi o clima do centro-oeste até a região Nordeste, onde é muito quente e seco.

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Redação Geral

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