Viajando à noite – Prazer e riscos. Por Raul Nixon

Viajando à noite – Prazer e riscos. Por Raul Nixon
nixDurante esse últimos anos, tenho optado pela viagem à noite. Não por excentricidade ou por hábito, mas na maioria das vezes por estratégia de viagem. Logo no início das viagens no período da noite, não me preocupava muito com o horário que iria dar início, para mim o importante era está com a moto abastecida e preparada. Fui percebendo que isso não era suficiente, logo notei que a viagem a noite pode ser uma boa estratégia, porém deve ser bem planejada.
Opto em acordar às 3:00 e pela saída às 3:30 da manhã, geralmente não costumo pegar estada a entre 22 e 3h, neste período o sono me domina e em virtude dessa característica evito rodar neste horário, mas confesso que em alguns momento não tive muita a escolha e tive que duelar contra esta minha característica.

Alvorada das 3.30h

Gosto de pensar assim: acordando às 3h e saindo  3:30, às  7:30h da manhã estarei tomando café à mais de 300km do meu local de partida e em alguns casos estarei no meu destino. Minha viagem começa com uma boa noite de sono,  moto abastecida no dia anterior, pneus calibrados e bagagem arrumada. Neste horário o deslocamento dentro da cidade até a rodovia é muito mais tranquilo, seja uma viajem em grupo ou sozinho. Em poucos minutos estou na direção do meu destino.

Um carro como escudo

DSC_0062Procuro ficar bem afastado, porém atrás de algum veículo que venha desenvolvendo uma velocidade razoável, mas sem exageros. Ao se por em minha frente, ilumina o caminho em pontos que meu farol não alcança e acredite, é muito comum encontrar algum carro ou caminhão fazendo essa parceria. Isso já me livrou de buracos,  de animais e ainda descreve o caminho que irei seguir. Esta estratégia também me ajuda a manter o elevando o meu nível de atenção. E por falar nisso, outra coisa que me ajuda bastante a manter o meu nível de atenção e ficar mascando chiclete, de preferência sem açucar. Quando esse irmão motorista não aparece, o mais prudente é procurar uma velocidade que não comprometa o nível de segurança da viagem.

Dificilmente vejo neste horário algum animal pastando na beira da estrada, mas é comum ver raposas, quatis e outras animais de hábitos noturno cruzando as rodovias, portanto é importante manter elevado o nível de atenção.

Uma parada para um cochilo rápido – tipo sono de cachorro

DSC_0096Outro ponto importante e está bem aquecido, não devemos dispensar uma boa jaqueta, luvas e uma calça confortável. Durante à noite o frio pode deixar muito desconfortável a viagem.
Mesmo aparentemente descansado, a rotina de uma estrada associada a escuridão, podem fomentar o surgimento do sono que não foi totalmente aniquilado, neste caso não há o que fazer a não ser parar um pouco e descansar. Isso aconteceu muitas vezes. Algumas vezes encontro em um barranco ou em uma estrada secundária, um cantinho que posso parar a moto e tirar um cochilo sobre ela, as vezes são 10 minutos que aparentam horas de descanso.
Em uma dessa viajem à noite, na rodovia estruturante (CE 085), encontrei um grupo de três pequenos caminhões, que em formação seguiam à minha frente. Era tudo que esperava, veículos grandes iluminado e “limpado” o caminho a minha frente, mas lembro , sempre mantendo uma boa distância, assim dá tempo se livrar de algum buraco que possa surgir. Outro ponto importante e não perder a noção das coisas ao seu redor. O fato de ficar “sendo escoltado” pode tirar a atenção do todo, e sendo assim tenha muito cuidado.

Um pneu doido pela estrada

Nesta viagem, no qual o meu destino era Camocim-CE, logo após a entrada da cidade de itapipoca  e após uma curva, notei que algo se movimentava em zigue-zague depois da passagem dos caminhões. Imaginei que um dos caminhões teria assustado ou atropelado algum animal que ficou correndo no asfalto e para evitar qualquer colisão reduzi bastante a minha velocidade, visando passar bem devagar pelo bicho.

Ao me aproximar vi que não era um bicho, na verdade era um dos pneus do último caminhão do comboio que tinha se soltado, posteriormente soube que era um dos pneus do caminhão que não estava em contato com o solo que se soltou. Ao se desprender do caminhão, o pneu vinha sem controle em minha direção. Eu por está bem devagar e ele perdendo energia, o pneu passou lentamente ao meu lado esquerdo e caiu como se fosse uma moeda no meio do asfalto. Parei a moto no acostamento, liguei o pisca alerta e comecei a arrastar o objeto em direção ao acostamento próximo a minha moto, tentado deixa-lo próximo a uma placa de sinalização do KM da rodovia. Logo em seguida, com o pneu fora da pista, passa um veículo pequeno, aparentemente com uma família, em uma velocidade considerável exatamente no ponto onde o pneu tinha caído.  Depois desse meu susto, subo na moto e saio no intuito de encontrar o caminhão. Minutos depois, avisto os caminhões.  Me posiciono ao lado de um deles, tento alertar aos gritos o ocorrido, quando o motorista que tento avisar estaciona o veículo, os outros param e vão saber o que estava acontecendo.
Após explicar  o ocorrido aos motoristas e fornecer a posição do pneu fujão,  ai eles me agradecem e um deles pergunta: “você encontrou os parafusos também?”, mas ele rapidamente desconversa, acho que foi em virtude da “cara de poucos amigos” que fiz por causa de tal pergunta. Missão comprida, subo na moto mais uma vez e sigo minha viagem já de manhã, chego à Camocim e vou tomar meu café na pousada que costumo ficar por lá.
Prof. Raul Nixon
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Redação Geral

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