TESTE – Yamaha XTZ250 Ténéré – Uma moto que chama ‘DESERTO’

TESTE – Yamaha XTZ250 Ténéré – Uma moto que chama ‘DESERTO’

A Yamaha criou o conceito ‘Big Single’ que depois se popularizou como ‘Big Trail’. No conceito original este era o nome pelo qual ficaram conhecidos os projetos que tinham como referência a utilização dos motores monocilíndricos de grande capacidade cúbica.

Na linha desse tipo de projeto a Yamaha influenciou todo um segmento a ponto das famosas Honda e a italiana Aprillia lançarem, respectivamente, a Honda Afrika Twin e Aprillia Tuareg, dentre outras.

Em 1988 nascia o conceito Big Trail e com ela veio a moto nacionalizada para uso no Brasil com o nome que virou lenda – XT660 Ténéré.

Em 2010, vinte e dois anos depois, a Yamaha inovou trazendo ao público de baixas cilindradas a XTZ250 Ténéné. A moto chegou e há oito anos é outra preferência nacional tida como ‘moto pra tudo’.

Moto pra tudo!

E por falar em ‘moto pra tudo’, o nordeste do Brasil parece ser o lugar onde ela anda completamente à vontade. Aqui, no centro-sul do Ceará as temperaturas são altas e as estradas rurais tem nove meses de terra seca e quente e, quando chove, três meses de lama da boa. O nome Ténéré, com o E aberto com o acento agudo, significa ‘deserto’ no idioma da tribo Tuaregs que vive no centro-sul do Sahara e, como o jeito do árabe falar se parece com o nosso, mesmo que não tivesse o acento agudo no E ela ainda seria pronunciada da forma correta no nordeste.

Coincidências à parte esta moto foi a minha escolha quando decidi mudar para uma cidade onde 70% da população reside na zona rural e a maioria das estradas é de terra. Uma delícia para a prática de dois hobbies: fotografia e motociclismo.

Mas vamos para a estrada que é nela que outra história será contada.

Minha altura está classificada dentro do limite entre o batoré (alguém no limite de altura entre ser baixo e anão) e o baixinho. São 1,65m para dominar uma moto alta onde a opção ‘pé-no-chão’ deve ser a última a ser considerada, mas mesmo assim não tive dificuldades mesmo sabendo que a altura do assento em relação ao solo é mais da metade da minha altura – ou seja: 86,5 cm. Depois que ela começa a rodar a sua ciclística é amigável e permite muitas manobras e controles de equilíbrio sem a necessidade de buscar o apoio do piso.

Muitos olham a moto e perguntam se ela tem 600 cilindradas. O porte engana e encanta, além de proteger o piloto do vento. O para-brisa é outra boa sacada para esta moto que permite uma pilotagem em pé sem grandes sustos.

O motor da Ténéré é outro acerto da Yamaha. O modelo testado (2013), um OHC robusto e com boa transmissão, pede sempre um giro alto, entre 4000 rpm e 6000 rpm. Não é comum ela pedir marcha na baixa e com o giro baixo. A proposta dela é sempre entregar o torque máximo de 2,10 kgf.m a 6500 rpm. Mas isso não é tudo. Com dois mil giros a mais você (algo em torno de 8000 rpm), numa quinta marcha, deverá atingir a velocidade de 120 km/h no odômetro que fica no painel da moto.

Quando está com o ‘motor cheio’ a ‘tenerezinha’, como a chamam, se torna um bom brinquedo e passa a ser maior que imaginamos ao olhar apenas a sua cilindrada.

Testei essa moto em estrada asfaltada, em estrada de terra e sem estrada nenhuma – sim, no ‘mato-à-dentro!” Com sol e com chuva e em todas essas situações também com garupa e ela não decepcionou nenhuma vez. Não senti falta de uma moto com motor maior, pois a Ténéré 250 cumpre bem o seu papel e com uma vantagem adicional – é muito leve.

No asfalto ela anda bem na velocidade de cruzeiro de 110 km/h com baixa vibração para um motor OHC monocilíndrico.

Esse pouco peso ajuda em muitas coisas inclusive na economia (28,03 km/l urbano e na terra 25,39 km/l), manobrabilidade, controle da moto em terreno ruim ou irregular e ainda no mais macio asfalto, pois sua suspensão é de fácil regulagem e nos modelos até 2013 a precisão torna-se ainda maior, pois utiliza o sistema SAG com anéis rosqueáveis em vez dos ajustes pré-formatados para ajustar a pré-carga de uma suspensão com curso de 200 mm.

COISAS QUE NÃO AVALIAM EM TESTE DE MOTOS NOVAS

A moto testada é uma 2013 e que comprei com quilometragem já bem elevada. O preço foi ótimo e me permitia refazer todo o motor e ainda ficar abaixo da tabela de mercado, além do que, eu conhecia o antigo dono e sabia o que estava comprando.

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Eu não gosto de motos sem personalização. Prefiro algo diferente que dê a motocicleta a cara que ela deve ter de acordo com a sua personalidade e a minha também, claro. Daí, assim que comprei, ela que era azul, foi toda envelopada em camuflado tipo digital igual ao usado pelos militares no deserto. Já que a moto se chamava ‘deserto’, não deveria ser azul.

Feito isso foi a hora de andar e conhecer mais a moto. Alguns meses depois notei um barulhozinho na transmissão e resolvi que era a hora de abrir o motor para ver como estava a saúde dos 110 mil km rodados e para a minha surpresa estava quase tudo perfeito. Sim, quase. Claro que havia desgaste, mas nada que fosse tão grave. Mesmo assim fiz uma reforma total na transmissão e embreagem e troquei logo a biela. Enfim, deixei tudo novo. A moto está com 112 mil km rodados e está nova.

Fiz uma verificação no chassi de berço semiduplo e vi que não há desgastes ou ferrugens e que as soldas estão bem firmes ainda. A cada checagem eu descobria um pouco mais sobre a resistência dessa moto chamada deserto.

Normalmente eu testo motos novas, zero, ou com baixas quilometragens, mas essa XTZ me surpreendeu em um quesito que normalmente não avaliamos – RESISTÊNCIA e DURABILIDADE. Não penso em vender. Talvez comprar uma outra moto para outra coisa, mas a Ténéré pretendo que fique.

Um sentimento meu, mas que acredito que seja o da maioria dos donos de XTZ250 Ténéré é em relação a uma possível sexta marcha. Mas talvez se justifique se acontecer de lançarem uma 300cc. Porém em se tratando da Yamaha, ela não costuma fazer arranjos como uma marca bem conhecida. Ou muda muito ou tudo, ou apenas melhora o que está.

COISAS QUE GOSTEI

O painel da moto

Bem visível e de fácil leitura. Gosto ainda do conta-giros analógico. Na minha opinião, numa moto, é mais importante que o velocímetro, pois ajuda a saber o que estamos tirando do motor ou pra onde deveremos puxar para ter o torque necessário ou a potência máxima dela de 21 cv que conseguiremos aos 8000 rpm.

A chave que desliga o farol

As motos já ligam os faróis quando acionamos o motor e isso acaba por descarregar a bateria precocemente. Na Ténéré testada (2013) este botão existe e você liga a moto com o farol desligado e depois que o motor está acionado, liga o farol. Só precisa criar o hábito de ligar. Com o tempo você faz isso automaticamente.

A suspensão

A regulagem padrão serve bem para os dois terrenos, mas você pode ajustar a suspensão traseira para operar com peso extra como garupa. Isso ajuda a não elevar tanto a dianteira e numa pilotagem à noite fazer com que o farol perca o foco na baixa e te force a andar sempre na luz alta.

O baixo custo de manutenção

Motos de 250cc até 650cc tem um custo relativamente baixo de manutenção. Isso é bom para que você possa usar a moto por muito mais tempo, inclusive fazendo o motor todo sem que isso venha a ser algo proibitivo, financeiramente falando.

A autonomia

Você fica sem combustível se quiser. Ela tem uma reserva muito generosa e isso te dá a tranquilidade de poder rodar quase cem quilômetros sem perigo de pane seca. O tanque de 16 litros, na pista de terra, deverá de dar uma autonomia de aproximadamente 416 km e na faixa útil, sem a reserva, de algo em torno de 312 km antes do aviso.

Pneus

O kit de tração e os pneus são relativamente baratos e você roda muito. Dependendo do uso você vai rodar com o traseiro uns 16 mil km e talvez mais uns dois mil quilômetros a mais com a tração. O dianteiro segue a regra de dois pneus traseiros trocados para cada dianteiro novo. Mesmo assim, esse tipo de manutenção; kit tração mais pneu traseiro não chega a 500 reais (preços de 2018). Agora se a moto é de cilindrada maior…

Assento

Em dois níveis o assento é mais largo que na XT660. Mais conforto e segurança na pilotagem.

Guidão leve

O guidão livre de pesos, faróis, carenagens e piscas torna a moto mais leve para manobrar, principalmente em movimentos curtos. Esse tipo de projeto reduz e muito o shymado da moto. Aliado ao tipo de aro e equilíbrio da suspensão tornam a moto mais fácil de dominar.

Manobrabilidade

O conjunto da XTZ250 Ténéré impressiona pela manobrabilidade, principalmente em espaços curtos. Parece que é uma moto grande e por isso insinuamos ser pesada e complicada de movimentá-la em espaços curtos. Mas não é. Ela surpreende em curvas, vibra pouco em retas, anda bem na terra, tem bom torque e tudo isso junto ajuda o piloto a ter boa experiência de pilotagem.

Conclusão

Gostei da moto e tenho a sensação diária de que fiz a escolha certa. O projeto escolhido para andar pelas terras do centro-sul do Ceará foi acertado em toda a minha expectativa de relação custo-benefício. A Ténéré realmente é uma moto que chama ‘deserto’.

Arte – Motonline

Ficha técnica

Motor

Motor 4 tempos, SOHC, arrefecido a ar com radiador de óleo, 2 válvulas

Cilindrada 250 cm³
Diâmetro x curso 74.0 x 58,0 mm
Taxa de compressão 9.80 : 1
Potência máxima 21 cv a 8.000 rpm
Torque máximo 2,10 kgf.m a 6.500 rpm
Sistema de partida Elétrica
Sistema de lubrificação Cárter úmido, com radiador de óleo
Capacidade do óleo de motor 1,50 litros (contando filtro de óleo)
Sistema de ignição TCI
Bateria GS Yuasa, 12V 6 Ah, selada
Embreagem multidisco banhado a óleo
Câmbio 5 velocidades, engrenamento constante.

Chassi

Quadro Semi Berço duplo em aço

Pneu dianteiro 80/90-21 MT90 A/T 48S – PIRELLI/SCORPION
Pneu traseiro 120/80-18 MT90 A/T 62S – PIRELLI/SCORPION
Freio dianteiro Disco de 245 mm de diâmetro
Freio traseiro Disco de 203 mm de diâmetro
Suspensão dianteira Garfo telescópico
Suspensão traseira Monoamortecida com link
Curso da suspensão dianteira 220 mm
Curso da suspensão traseira 200 mm
Lâmpada do farol 2 X 12V 55/55 W (halógena)
Lâmpada da lanterna traseira 12 V 5/21 W
Lâmpada do pisca 12V 10W x 4
Painel de instrumentos Cristal liquido multifuncional – hodômetro total e dois parciais (trip1 e trip2), mais hodômetro do combustível (f-trip), marcador do nível de combustível digital e relógio. Luzes espias. Velocímetro e tacômetro eletrônico análogo.

Dimensões

Comprimento total 2.120 mm
Largura total 830 mm
Altura total 1.370 mm
Altura do assento 865 mm
Distância entre eixos 1.385 mm
Altura mínima do solo 270 mm
Peso seco 137 kg
Peso (ordem de macha) 155 kg
Capacidade do tanque de combustível 16 litros (reserva 4,8 litros)

Disponibilidade

Cores Branco e preto
Preço sugerido R$ 12.900,00

Consumo

Trecho Km percorrido Consumo (litro) Km/litro
Uso rodovia 170 7,6 22,36
Uso urbano 160 5,71 28,03
Uso rodovia/terra 255 10,05 25,39
uso urbano 95 3,23 29,42
Total/Média 680 26,59 25,58
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Luis Sucupira

Editor-Chefe do Portal Você e Sua Moto é Jornalista, escritor, (Casa Amarela – UFC) diretor e roteirista de cinema, tv e vídeo. Colunista de sites Motonline, Motonauta, revista Motoboy Magazine, Pro-Moto.Autor do livro GUIA DO MOTOCICLISTA PRINCIPIANTE (Ed. NovaTerra - RJ - 2014). Organizador e idealizador dos eventos Iguatu Moto Week, Ubajara Indoor, Eusébio Moto Fest. Um apaixonado por motos, história! Motociclista há 36 anos.

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