Moto deve trafegar nas faixas exclusivas de ônibus, sim!

Moto deve trafegar nas faixas exclusivas de ônibus, sim!

Na contramão das autoridades brasileiras de trânsito, que preferem limitar e punir cada vez mais o uso da motocicleta nas cidades a criar soluções inteligentes, que atendam às justas reivindicações dos pilotos e harmonizem a caótica e estressante convivência moto-carro-ônibus, a Europa saiu na frente e dá um show de evolução e respeito ao cidadão motociclista, corrigindo, a nosso ver, uma falha estrutural no projeto da criação de faixas exclusivas para ônibus, ao aprovar lei permitindo que moto trafegue no mesmo corredor.

LONDRES
Londres: com disciplina e respeito, moto e ônibus dividem o mesmo espaço.

Há quatro anos, Londres publicou a lei que permite moto transitar nas faixas destinadas aos ônibus (em horários predeterminados e legislação severa), depois de estudos, que duraram um ano e meio, comprovarem que o número de colisões e acidentes com moto caiu 40%; além da redução de emissões de gases poluentes e a melhoria da fluidez geral do tráfego

Desde 2013, Madri e Sevilha, na Espanha, aprovaram lei liberando a circulação de motos nos corredores de ônibus, baseada em estudos que chegaram a resultados idênticos aos dos ingleses.

Não para por aí, não! Ano passado, Portugal juntou-se à essa lista, quando Porto foi o primeiro município a permitir que motos transitem nessas faixas exclusivas. Há duas semanas, Lisboa aprovou por unanimidade um projeto-de-lei com o mesmo teor e também outra antiga e justa reivindicação dos motociclistas, que foi a criação de bolsões de motos nos semáforos, projeto batizado de ‘Bike Box’. E o movimento lá é em efeito cascata, multiplicador. Beleza!

No Brasil, a implantação de corredores exclusivos para ônibus piorou e muito a vida do motociclista. O que se vê nas vias onde o projeto existe (diga-se de passagem, naquelas mais importantes e nos corredores de acesso da cidade) são filas e filas de motos e carros num engarrafamento gigante (maior ou menor, dependendo do horário), com aumento no número de colisões/acidentes, insegurança (pois o piloto passa a ser alvo mais fácil dos ‘arrastões’ – assaltos e roubos), além do crescimento da emissão de gases poluentes (com consequências futuras de doenças gravíssimas!), ao lado de faixas exclusivas para ônibus completamente livres, por onde eles transitam aqui e acolá!

Resultado: um espaço importante e fundamental completamente ocioso, que precisa e deve ser melhor aproveitado, permitindo que a moto trafegue por lá, também. Com certeza, isso contribuirá para combater os números de guerra que são produzidos todos os dias no trânsito brasileiro

Ah, mas tudo se comprova com números! Ok, ok! Pois então que nós, motociclistas desse país, pressionemos as autoridades competentes, a fim de que estes estudos sejam realizados e a situação seja revista e com urgência.

No meio dessa história, os taxistas também se sentiram prejudicados, se movimentaram e conseguiram o direito de transitar nas faixas exclusivas, tudo com data e horário preestabelecidos. Hoje eles trafegam nos corredores em algumas capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Goiânia com horário e dias programados.

Na Europa deu certo. Por que aqui não daria? Se nada for feito, desde que de forma inteligente, pacífica e estruturada, continuará tudo como está, ou seja, moto e motociclista – seres invisíveis para o poder público, a não ser quando chega o boleto da indústria da multa pelo correio. Esse não falha nunca.

‘Tá na hora de mudar!

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Cláudia Leite

Jornalista (UNIFOR) e radialista da Rádio Verdes Mares AM 810 – SVM, assessora de imprensa com especialização em Assessoria de Comunicação. Filha de motociclista, desde cedo apaixonada por essas máquinas maravilhosas. Pilota, mas seu lugar preferido é na garupa, como copiloto, com muito orgulho!