MINHA VIDA, MINHA MOTO: A história de uma Suzuki Intruder ’99. Por Ricardo Sampaio

Estamos inaugurando um espaço neste blog para que você possa declarar sua paixão pela sua motocicleta. O MINHA VIDA, MINHA MOTO é dedicado a você que suou bastante para comprar sua moto e para deixá-la à sua cara. É essa história que a gente quer contar. Aqui também você poderá descrever suas viagens e enviar fotos com dicas importantes de lugares, hospedagem e os cuidados que deve ter na estrada.

O primeiro a abrir este espaço é o Ricardo Sampaio com a sua incrível Suzuki Intruder 99. Uma raridade de 60Cv. Confira a história e as dicas de customização.

Boa leitura!

Luís Sucupira

A história de uma Suzuki Intruder '99

(*) Ricardo Sampaio é engenheiro mecânico e apaixonado por motociclismo

Eu era apenas um jovem garoto como qualquer outro. Tinha 18 anos e não tinha dinheiro pra ter quase nada, muito menos um carro. Era estudante de engenharia na Escola Politécnica de PE. O ano era 1990. Então, com a grana que tinha, resolvi comprar um meio de transporte. Só deu para um XL 250R, ano 82. Não era a moto dos meus sonhos, mas serviu demais para me levar do estágio pra faculdade e de lá pra casa. E como curti!! Mas a partir daí, eu me apaixonei. Só que eu queria mais. Queria poder viajar, pegar estrada, vento na cara, coisas de adolescente. Um ano depois, bateram na minha moto. Eu nada tive, mas foi um susto. Meu pai apavorou e disse: “moto novamente, só quando você for independente, estiver trabalhando com grana suficiente e ainda acreditar que ter moto é uma coisa boa!”

Ano, 2004, agora engenheiro mecânico, pós-graduado, trabalhando numa multinacional. O sonho nunca havia sido esquecido, apenas postergado. Agora era a hora de realizá-lo! Continuava com os mesmos desejos: pegar estrada, viajar, sentir a sensação indescritível que é viajar de moto. Mas qual moto? Você pode ir a qualquer lugar numa moto e para isso existem vários tipos de moto, mas só um tipo pode te dar a sensação de “pegar estrada”, asfalto e o ronco do motor rasgando numa subida. Ponha uma jaqueta de couro, óculos escuros, calça jeans surrada e o som inconfundível de um Dire Straits na cabeça. Pronto! Sua moto é uma Custom! A estradeira, papa asfalto! Sim, só ela te dá essa sensação! Os outros que me perdoem, mas as esportivas te dão 2 escolhas ou você olha pro velocímetro, ou pra frente! As touring, são uma boa opção, contudo mais no estilo aventureiro, tipo, pó, lama e qualquer outro tipo de piso. Mas não era isso que queria. Eu queria estrada, BR101, Dutra, Route 66, Highway, autobhan…

Procurei, procurei e procurei mais ainda.

As que eu queria, não cabiam no meu bolso, as que cabiam no bolso, não agradavam.

Alguns pontos foram definidos para facilitar a escolha: tinha que ter transmissão por eixo-cardã e motorização alta (maior que 600cc). Depois de quase comprar uma Shadow 600cc 2001, finalmente achei minha cara-metade: SUZUKI INTRUDER 800cc GL. Ao ouvi-la pela primeira vez, seu som foi inconfundivelmente diferente das demais. Único (ainda mais com um escapamento aberto). O resto, era tudo que poderia querer, depois de 14 anos de espera. Transmissão por eixo-cardã, embreagem hidráulica, roda dianteira aro 21 e uma mecânica confiável.

Bom, já tenho essa moto há quase 7 anos. E é incrível como ela é robusta. Não quebra. Manutenção baixa. Consumo adequado à potência (20 a 22 km/l na estrada). Fiz inúmeras viagens. Histórias para contar, seriam várias. Chuva, calor, vento, frio e até neblina (no Nordeste??), acreditem, já peguei com ela. Mas foi apenas depois de dois anos de comprada que aprendi por que esse tipo de moto se chama custom.

Customizar, significa, especificar de acordo com seu gosto pessoal, ou à sua maneira.

Customizar, significa, especificar de acordo com seu gosto pessoal, ou à sua maneira. E isso eu tinha que começar a fazer. O bom de moto custom, é que podemos fazer igual como nossa sala de estar. Quando cansamos do visual, simplesmente mudamos tudo de lugar e parece que é tudo novo, ou seja, customizamos nossa sala. Assim, fiz com minha “bichinha”, que é como vou chamar minha intruder.

Sou uma cara alto (1,90m e 94 kg) e as intruders, parece que foram feitas apenas para japoneses, aqueles caras baixinhos lá do Oriente. Bom, comecei pelo mais fácil: INTERNET. Pus o nome e modelo da minha moto e começaram a aparecer opções. Trocar guidão, pedaleiras, assento, etc e etc. Fiquei fascinado, mas ainda não sabia direito o que queria. Sabia que precisava melhorar minha pilotagem pelo meu tamanho. Aí, vi uma foto na Internet:

Uma Suzuki igual a minha, mas linda!! Diferente!! ÚNICA!

Senti que deveria tentar fazer algo a partir daquilo, mas o que? Não era simples, trabalho, família, filhos, grana pra gastar com mil e uma outras coisas. Mas quando se tem objetivos na vida, nunca os abandone. A sensação quando se realiza é muito prazeirosa!

Eis aqui, a minha aventura, mas vamos por partes. Primeiro, vamos ver como ela era:

Eu sou um cara grandão!

Bem original. Guidão apertado, pedaleiras curtas, amortecedores originais já bem gastos, mas com bastante cromados. Cara, o mais prioritário era o escape. Era aberto, da Roncar e ninguém agüentava andar ao meu lado. Cada acelerada era uma rasgada nos tímpanos. Aí fui numa oficina de um cara que faz escapamentos personalizados. Pedi a ele um escape, menos barulhento. Ele me olhou e disse “Tem um ali!! Vai até aquele canto e vê se tu gosta.” Tinha um escapamento original Suzuki para intruder 1400cc. Não acreditei na sorte. Além de ser original, era maior, dando uma impressão de maior potência. Tiramos as flautas e depois de alguns ajustes e juntas personalizadas, estava o escape perfeito.

Mas os braços quase batiam nos joelhos. Foi aí que vi no site da roncar (www.roncar.com.br) que podia pedir um guidão de LC1500cc com furação para a minha moto.

Perfeito!! Os cotovelos não iriam bater mais nos joelhos!! Aí quebrou a base do farol, nada demais, troquei por um bullet. Ficou até melhor!! Pra mudar o visual, resolvi também tirar o sissy-bar. A essa altura já estava ficando com outra cara e queria mostrar para todos e então estava viajando bastante, e os amortecedores foram pro saco.

Perfeito!! Os cotovelos não iriam bater mais nos joelhos!!

Foi aí que descobri um site na Internet: www.cruisercustomizing.com. Um site fantástico, que mesmo nos EUA, me oferecia uma série de alternativas bem mais em conta. Os amortecedores, na Suzuki, custavam em torno de R$800,00 cada!! Consegui lá um par de amortecedores da progressive suspension, de 12” (mais baixos que o original). Com entrega no Brasil, o par saiu por menos de R$600,00 (dólar a mais de R$2,00!!) Mas as pedaleiras ainda estavam curtas. Comecei a procurar alternativas. Mas foi muito difícil achar pedaleiras para intruder. Tinha lá no site acima, mas muito caro.

Um dia, numa das minhas viagens a SP, fui na Gal. Osório e encontrei um jogo de pedaleiras da Dallavas. Não era o que gostaria, mas era o que encontrei. E me abracei com ele. Mudou muito a pilotagem, mas a um custo.

Queimaduras. Como a pedaleira foi muito pra frente, a perna da mudança das marchas, encostava no escape e levei umas boas queimaduras.

A essa altura, a máquina já tava bem diferente da original! Sem sissy-bar, pedaleiras maiores, guidão mais aberto e mais alto, novo farol, escapamento exclusivo (duvido que haja outra no mundo igual!). Mas ainda faltava algo a mais…

Aí, numa noite rodando no Recife, vi a famosa mota da Harley Davidson: a Fat Boy!

Uma custom-chopper-fat-boy!!

Encantei, babei, fiquei aprfeciando a moto. Mas a minha não seria nunca uma Harley! E eu não queria uma HD!! Tinha apenas o desejo de tornar a minha Intruder, como aquela Harley: Única e diferente. Mas o que ia fazer???

…E se tirasse o banco traseiro?? Era isso!! Uma custom-chopper-fat-boy!!

Aquela moto que todos iriam olhar na rua e dizer: “que moto é essa???” Era isso que queria, pois não queria só ter uma grande moto, uma boa moto, queria ter uma moto que todos olhassem e ficassem impressionados!!

Mãos a obra! Desmontei o para-lama traseiro e mandei fazer por cima dele um molde de fibra de vidro. Alguns ajustes e ficou perfeito! Arrumei espaço embaixo do assento para o CDI (meio apertado, é verdade, mas lembrem-se: pelo sonho, vale tudo!!). Como o para-lama traseiro teria que ser pintado, tive que pintar o dianteiro também. Reduziria um bocado de cromados. Novamente em outra viagem a SP, de novo na General, achei um farol tipo cruz de malta, retrovisores menores, o suporte de placa da R1, um led azul pra a placa, fiação e novamente mãos a obra.

Linda, uma intruder Fat-Boy!!!

Depois de alguns finais de semana trabalhando ficou pronta!! Linda, uma intruder Fat-Boy!!!

Essa mudança me trouxe muitas alegrias. Realização de um sonho de adolescência, virando realidade. Feito por mim mesmo, e com ajuda de amigos.

Depois disso, já rodei muitos encontros pelo Nordeste com a “bichinha Fat-Boy”. O mais inusitado, foi quando estive no encontro de motociclistas de Currais Novos-RN em 2008. No evento estavam fazendo lançamentos de novas motos. E aí, eu cheguei com a minha “bichinha”. Foi um sucesso!! E na estrada, então?? Via aquela fila de shadows 750cc, boulevard M800, viragos e viraguinhos, dragstars e etc. Olhava pra eles e torcia o acelerador. Ela agora está bem mais leve, com peças em fibra, sei lá eu. Fato é que passava por todos!!! São 60cv!!! Nenhuma delas tem essa potência!!! E o melhor: todos olhando e se perguntando: que raio de moto é essa??? Quando parava para abastecer era a mesma história: gente pra tirar fotos e responder que era apenas uma Suzuki Intruder 99 e encher o peito de orgulho!!

Fatos como esses é que me dão muito mais prazer em continuar com ela e nunca deixar de pilotar a minha custom!!

Confira a galeria de imagens

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Redação Geral

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