IBGE: O Brasil está saindo mais rápido da crise

Os quatro primeiros meses de 2009 foram semelhantes a navegar sem bússola, apenas por uma carta pouco precisa. Isso fez com que muitos empresários tirassem um pouco o pé do acelerador para correr o mínimo de risco. Porém, as medidas tomadas pelo governo e a colaboração dos empresários, independente do sentimento de fim do mundo vendido por alguns órgãos de imprensa, surtiram algum efeito e já se pode afirmar que o pior já passou.

A ESPM, através do seu núcleo de estudos do varejo, o Grupo Cherto e a ADVANCE, buscavam ajudar as empresas brasileiras a transformar a crise em oportunidade, realizaram pesquisa inédita contando com a participação de quase 1.000 respostas. Em outubro de 2008, realizaram pesquisa sobre a percepção dos executivos de TI, da qual eu também participei com entrevistado, com relação ao impacto da crise no mercado brasileiro e obteve que 84% dos entrevistados haviam julgado a crise como “grave” ou “muito grave”. Os resultados destas duas pesquisa, uma em outubro e outra em novembro, mostram dados praticamente iguais com relação à percepção dos executivos quanto a gravidade da crise. Um fato que nos chama a atenção é que 19% dos entrevistados consideram a crise como “não grave” a despeito de todas as notícias divulgadas por analistas e pela mídia.

Com relação ao tempo de duração, 47% dos entrevistados acreditam que o mercado levará cerca de 1 ano para se recuperar contra 31% que acreditam que o mercado levará cerca de 2 anos. O mercado de TI e Telecom classificaram a duração da crise um pouco menor do que nesta pesquisa. Portanto, os executivos a percepção agora é que a crise é um pouco menos grave, mas levará mais tempo para passar.

Expectativas de crescimento de 2008 com relação a 2007 “sem” a crise:

66% das empresas cresceria de 10% a 49% sendo: 38% das empresas cresceria de 10% a 24% e 28% das empresas cresceria de 25% a 49%.

Expectativas de crescimento de 2008 com relação a 2007 “com” a crise: O percentual de 66% empresas com crescimento entre 10% a 49% caiu para 39% por conta da crise e surgem 20% das empresas EM RECESSÃO (faturando menos de 2008 do que faturaram em 2007).

Expectativas de crescimento de 2009 com relação a 2008 “sem” a crise: A expectativa de crescimento das empresas entrevistas para 2009 “sem a crise” era muito próxima da expectativa de crescimento para 2008 “sem” a crise.

Expectativas de crescimento de 2009 com relação a 2008 “com” a crise: Com a crise o número de empresas em recessão chegará a 25% e o crescimento de 40% das empresas estará entre 0% a 10%

E vamos aos números que mostram um cenário bem diferente do que se esperava naquele momento.

Em maio, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, chegou aos 125,7 pontos, patamar 0,7% acima do anterior. Em abril, aumentou em quase 11% a procura por crédito bancário segundo o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito.

Também em março, segundo o Serasa Experian,a consultoria considera estar em curso uma evolução do crédito rumo à recuperação do nível de antes da crise econômica mundial. Pesquisa da Febraban,confirma essa tendência e antecipa, para este ano, alta de 14,2% nas operações de crédito da carteira total. A Fecomércio destaca que o Índice de Confiança do Consumidor vinha em queda desde outubro; em fevereiro teve alta de 6,8% sobre janeiro, indo a 132,9 pontos. Caiu em março (-3,5%, voltando a 128,2 pontos) e em abril (-2,6%, para 124,9 pontos) e aponta melhora, agora. Os paulistanos com 35 anos ou mais estão mais otimistas (131,1 pontos, quase 7% mais que antes) e os mais jovens, com menos de 35 anos, estão mais desanimados (131,5 pontos, mas com queda de quase 4,5%).

A Federação notou que os consumidores com renda superior a 10 mínimos, normalmente com maior acesso à informação e mais condições para avaliação, demonstraram aumento de confiança de 9,3%, para 132,4 pontos e os homens foram os principais responsáveis pela queda do Icea (-2,2%, para 119,4 pontos). O ICC indica pessimismo abaixo de 100 pontos e otimismo acima disso. Em maio, o ICC ainda está 15,6% inferior ao de um ano antes.

A nova Pesquisa de Juros da Associação Nacional de Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac)destaca que em abril, caíram todas as demais taxas de juros, exceto as de juros do cartão de crédito para a pessoa física. Essa foi a terceira queda seguida.

O relatório de abril do Caged confirma que a crise global entrou no Brasil pela porta da indústria. O emprego começa a voltar, a ponto de, mantido o ritmo, prevê-se, voltar agora em julho ao patamar médio de mais 200 mil novos postos por mês, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que estima ainda que 2009 fechará com saldo positivo de 600 mil vagas contra 1,4 milhão no ano passado.

A Previdência Social aumentou sua receita, em abril, em 5,8% reais quando comparada ao mesmo período de 2008. No mês passado, as contribuições somaram R$ 15,587 bi. A balança comercial brasileira registrou superávit acumulado de US$ 7,774 bi (Ministério do Desenvolvimento). Maior, portanto que o mesmo período de 2008 em 34,2% (no valor total) e 29,7% (pelo critério da média diária).

Ruim mesmo está a Europa. Lá a economia caiu mais do que previsto no primeiro trimestre do ano. Na Zona do Euro, o PIB recuou 2,5% (2% era queda esperada) em relação ao último trimestre de 2008, e 4,6% em 12 meses, o pior resultado da história de acordo com a agência de estatísticas Eurostat. No ano passado, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos no Brasil cresceu 30%. Na Europa a queda foi de quase 15%, segundo a Unctad, agência da ONU para comércio e desenvolvimento. Já com relação ao Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), alta é geral foi puxada pela atração de capital pela Índia (+85%), seguida pela Rússia (+34%), Brasil (+30%) e China (+5%). Os mais prejudicados são a Alemanha (queda de 55,8%), a Grã-Bretanha (50,7%), a Itália (66,9%), a Holanda (103%) e o Japão (15%).

O Comércio Varejista do País voltou a registrar alta, neste terceiro mês de 2008, assinalando taxas de 1,8% no volume de vendas e de 2,3% na receita nominal, ambas as variações com relação ao mês anterior.

Nas demais comparações, obtidas das séries originais (sem ajuste), o varejo nacional obteve, em termos de volume de vendas, acréscimos da ordem de 11,4% sobre março do ano anterior e de 12,0% e 10,2% nos acumulados do primeiro trimestre e dos últimos 12 meses, respectivamente.

Em março, em sete das dez atividades pesquisadas houve altas no volume de vendas. Em ordem de magnitude, os resultados foram: Tecidos, vestuário e calçados (6,1%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,3%); Combustíveis e lubrificantes (1,7%); Móveis e eletrodomésticos (1,6%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,4%); Material de construção (1,2%); Veículos e motos, partes e peças (0,2%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,3%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,1%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,6%).

Em relação a março de 2007 (série sem ajuste), houve altas no volume de vendas de todas as atividades do varejo cujas taxas, por ordem de importância no resultado global, foram: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo(9,7%); Móveis e eletrodomésticos (14,3%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico (23,7%); Tecidos, vestuário e calçados(11,9%); Combustíveis e lubrificantes (5,5%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (9,6%);Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (24,8%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (7,1%).

O segmento de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação , obteve acréscimo no volume de vendas, em março, da ordem de 24,8% sobre igual mês do ano passado e taxa acumulada no ano foi de 29,2% e nos últimos 12 meses de 31,3%. Trata-se da atividade com o maior patamar de crescimento este mês. Rumo a uma recuperação, pois no último levantamento da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e da consultoria IT Data apurou uma queda de 12% do mercado brasileiro de PCs, no primeiro trimestre do ano – de 2,5 milhões de unidades comercializadas no mesmo período de 2008, para 2,2 milhões. A queda era prevista por três motivos: primeiro pela crise em si (conforme esperado na pesquisa para o setor). Em segundo pelo movimento de queda na venda de PCs e a migração para notebooks.

Segundo a pesquisa no trimestre, foram vendidos 1,5 milhão de desktops (com 68% do total de vendas) e 710 mil notebooks (32%). Assim, na comparação anual, a categoria de desktops teve retração de 18%, enquanto a parte de notebooks cresceu 6,7%. O terceiro motivo foi a saída de alguns fabricantes do mercado, em função da crise econômica internacional, além da mudança da estratégia da indústria, que focou a produção de desktops, com volumes menores e conservadorismo nas negociações.

Mesmo assim, a Abinee acredita em uma retomada do mercado de PCs, que deve chegar a 12 milhões de unidades, na previsão para 2009. Já no segundo trimestre, a expectativa é de crescimento na ordem de 20%, na comparação com os três primeiros meses do ano. Ainda da perspectiva anual, as vendas de desktops devem apresentar queda de 9% em relação a 2008, passando de 7,7 milhões para 7 milhões de unidades. Já em notebooks, está previsto um avanço de 16%, de 4,3 milhões para 5 milhões de unidades.

Em outra recente pesquisa a ADVANCE e a IT-Midia identificaram que 55% das empresas brasileiras que vendem produtos e serviços de TI têm faturamento anual menor do que R$ 1 milhão; 75% das empresas têm faturamento menor que R$ 5 milhões. O mesmo se aplica ao mercado vendedor de TI: revendas, integradores, empresas de desenvolvimento de software, distribuidores, etc. Poucas e grandes empresas no topo da pirâmide e na base uma quantidade incrível de pequenas empresas. Na pesquisa foi identificado que 85% das empresas vendedoras de TI tem cerca de 85% do faturamento vindo de até 3 grandes clientes. Faturamento concentrado e de alto risco.

Dentre os fatores que vêm determinando este desempenho, destacam-se a redução de preços, facilidades de financiamento, e a crescente importância que os produtos de informática e comunicação vêm tendo nos hábitos de consumo das famílias.

Pelo cenário exposto na pesquisa do IBGE, o pior da crise internacional já passou para o Brasil e pelo jeito já vai bem longe.

A atividade do comércio varejista brasileiro cresceu 0,6% em abril em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal, segundo pesquisa realizada pelo Serasa Experian. Segundo a entidade, os números mostram a consolidação da recuperação do setor, que cresce pelo terceiro mês seguido. Em fevereiro, o avanço foi de 0,2% e em março, de 0,3%. Já na comparação com abril de 2008, o indicador apontou alta de 2,9%.

Ainda de acordo com o instituto de pesquisa, o acréscimo no mês passado foi liderado pelo setor de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas, com crescimento de 1,7%, seguido pelo setor de móveis, eletroeletrônicos e informática (1%). “As promoções dos supermercados e hipermercados tendo em vista as vendas da Páscoa e a redução do IPI para os eletrodomésticos, anunciada pelo governo federal em 17 de abril de 2009, estão entre os fatores que contribuíram para os desempenhos positivos”, analisou a Serasa.

O faturamento real do comércio varejista da região metropolitana de São Paulo cresceu 2,5% em março com relação ao mesmo mês do ano passado, segundo levantamento da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) divulgado na quarta-feira (20). No acumulado do primeiro trimestre, o setor apresentou queda de 1,2% frente igual período de 2008.

O destaque em março ficou por conta do Comércio Automotivo, que apresentou um crescimento de 13,4% na comparação anual. O ritmo de vendas voltou aos níveis de 2008 e já existem listas de espera para alguns modelos. E até o fechamento desta coluna (20/05/09) o dólar estava em R$ 2,038. Os juros caíram ainda mais e a caderneta de poupança passou a ser a aplicação mais segura. Para quem acreditava que seria muito pior sugiro reler algumas colunas que escrevemos sobre o tema.

Fora isso, em comparação com o que está acontecendo pelo resto do mundo, o Brasil vai bem, obrigado! Como diz um comercial de sandálias: “Tristeza, por favor, vá embora…”

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