Fabricantes de motos negociam incentivos com o governo

Fabricantes de motos negociam incentivos com o governo

Não contemplada no pacote de socorro lançado no mês passado para as montadoras de carros que combinou cortes de impostos e medidas para destravar o crédito, a indústria de motocicletas começou a negociar incentivos com o governo, na tentativa de reverter a queda de 13% das vendas neste ano.

Nesta semana, representantes da Abraciclo a entidade que abriga os fabricantes de motos nacionais estiveram em Brasília para discutir o tema. A primeira reunião aconteceu na terça-feira com o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira.

Um conjunto de propostas está sendo costurado com a Superintendência da Zona Franca de Manaus e deve ser entregue de volta ao governo em até 15 dias.

A exemplo do que foi feito em 2010, na tentativa de reaquecer o setor após a crise financeira internacional, os fabricantes de motos querem derrubar para zero a alíquota da Cofins hoje em 3%.

Também vêm discutindo saídas para destravar o crédito, o que inclui uma participação mais agressiva dos bancos públicos nos financiamentos de motocicletas. As restrições dos bancos tidas como o fator determinante para a forte contração do mercado têm sido o tema central nas reuniões em Brasília.

Contudo, sem ter uma resposta imediata do governo que já teve que renunciar a R$ 2,1 bilhões com os recentes cortes de IPI e IOF para estimular o mercado e carros, os representantes da Abraciclo saíram frustrados da primeira reunião com o MDIC.

Além de Teixeira e o presidente da entidade, Marcos Fermanian, participaram do encontro o superintendente da Zona Franca de Manaus, Thomaz Nogueira, e o diretor-executivo da Abraciclo, José Eduardo Gonçalves.

Antes disso, no fim da semana anterior, representantes das montadoras de motocicletas estiveram reunidos na capital paulista para fechar os pontos que seriam apresentados ao governo.

Os interlocutores da indústria relataram o momento delicado para as vendas e a dificuldade em cumprir com as metas traçadas para o ano: de crescimento de 5% do mercado e da produção. Também alertaram para o risco que a deterioração do consumo impõe sobre a ocupação no polo industrial do setor de duas rodas em Manaus, que emprega mais de 21 mil pessoas.

Quinto maior fabricante de motos do mundo, atrás apenas dos grandes mercados asiáticos China, Índia, Indonésia e Tailândia, e com um faturamento anual próximo a US$ 7 bilhões, o polo de duas rodas instalado em Manaus se vê forçado a adequar sua atividade a um mercado retraído.

Paradas de produção vêm sendo realizadas pelas montadoras da região nos últimos meses, incluindo a Honda, dona de quase 80% do mercado e capaz de fabricar uma motocicleta a cada oito segundos em Manaus, onde está a maior fábrica de motos do grupo japonês no mundo.

O sindicato local contabilizou 1,3 mil demissões nas fábricas de motos entre janeiro e maio, 72,6% a mais do que no mesmo período de 2011.

Sensível à maior seletividade dos bancos principalmente para a população de baixa renda, que responde pela maior parcela do consumo de motos, as vendas já cederam 13,1% e a produção, 9,7%.

Ao anunciar no início do mês mais uma contração em maio da ordem de 22,5% na comparação anual, a Abraciclo apontou que, mantidas as atuais condições, o setor poderá não repetir neste ano a marca recorde do ano passado, de mais de 2 milhões de motos vendidas.

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Redação Geral

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