ENTREVISTA EXCLUSIVA: Richard Cameron, NVIDIA Brasil

Recentemente o Governo Federal anunciou uma mudança no enquadramento das VGAs. Há pouco tempo promovemos uma grande discussão aqui a respeito dos descaminhos dos impostos. O tema ‘IMPOSTOS’ é algo bem polêmico e desagradável para muitos pela forma como aplicam os recursos. No Brasil trabalhamos cerca de 4 meses para o governo e diariamente assistimos casos de má aplicação do dinheiro público. De outra forma, para suprir os desvios e os desmandos, o governo cria novos impostos ou passa a sobretaxar produtos até então contemplados em alíquotas menores com a promessa de melhoras que nunca acontecem.

Para entender um pouco mais sobre o que está acontecendo, entrevistamos o executivo da NVIDIA Brasil, Richard Cameron Anderson, Country Manager-Brazil. Richard explica de forma clara e bem detalhada a questão dos impostos e ainda traça um perfil de mercado numa entrevista de bom conteúdo e que vai tirar a dúvida de muita gente. Estamos em contato com outros fabricantes para, também, publicar aqui, via entrevista, a opinião deles sobre o tema. O tema é de extrema importância e merece tratamento aprofundado em vez de uma abordagem meramente superficial.Semana que vem daremos continuidade a série dos anos 60’ a 90’.

FórumPCS – No último dia 22 o governo anunciou, através do Diário Oficial da União, a mudança no enquadramento fiscal das placas de vídeo, que trará um aumento inicial de 31% no preço desse tipo de mercadoria. Em outro cálculo este valor pode chegar a 50%, como é possível?

Richard Cameron – Até recentemente havia-se tornado o padrão de todos importadores de placas de vídeo utilizar a NCM 8473.30.43 em que é descrita como uma “Placa de Microprocessamento com Dissipador de Calor inclusive em cartucho” que tem alíquota de importação de 0% e IPI de 2%. A nova resolução, re-classifica as placas de vídeo dentro da NCM 8471.80.00 descrita como “Outras Unidades de Máquinas Automáticas para Processamento de Dados: com alíquota de 16% de Imposto de Importação e 15% de IPI. Além disso existe ainda a incidência de 1,65% de PIS e 7,6% de COFINS. Estes impostos são compostos, ou seja de forma simplificada, um incide sobre o resultado do outro e não se somando todas as alíquotas. Ou seja, imposto sobre imposto. Da mesma forma, o ICMS de cada estado é calculado também de forma composta em cima do resultado dos impostos anteriores. Dependendo do estado e alíquota de ICMS, o produto final pode chegar a ficar 50% mais caro para o usuário final. Esta nova classificação impõe ainda mais uma barreira, que é a necessidade de “anuência” de importação. Isso significa que cada importação necessita de licença de importação expedida antes do embarque da mercadoria, dificultando ainda mais a importação.

FórumPCS -A Nvidia têm adotado uma estratégia de divulgar a qualidade das GPUs e vem conseguindo crescer. Em alguns eventos com revendedores tive a oportunidade de acompanhar os comparativos e a relação custo-benefício em se adotar uma GPU em vez de CPU. Até que ponto esta mudança afeta os planos da Nvidia?

Richard Cameron -Esta resolução não muda em nada a nossa estratégia de fazer com a GPU faça cada vez mais para o usuário, muito além de somente processar vetores, pixels, shaders e imagens dos jogos com o máximo realismo e fidelidade às leis da física. A NVIDIA com as nossas GPUs não tem nunca a intenção de substituir a CPU. A CPU tem e sempre terá um papel essencial em qualquer categoria de computador para executar os sistemas operacionais e as aplicações desenvolvidas para a arquitetura X86 da forma mais eficiente possível.

“Atualmente a GPU de uma GeForce

top de linha tem 240 núcleos

de processamento.”

O que ocorre de fato é que a taxa de evolução das GPUs há quase 15 anos vem sendo próximo a duas vezes a lei de Moore e recentemente, as GPUs se tornaram processadores com capacidade bruta de processamento muitas vezes superior às CPUs mais avançadas disponíveis hoje, sendo também processadores de centenas de núcleos (Cores) e altamente paralelizado e programável. Atualmente a GPU de uma GeForce top de linha tem 240 núcleos de processamento e uma capacidade bruta de um Tera-Flop e é composto por cerca de 1,4 bilhões de transistores, muito mais que qualquer CPUs x86. Em função disso a NVIDIA desenvolveu uma linguagem aberta de programação chamada CUDA baseado em C, que permite aos desenvolvedores criarem aplicativos para usar o imenso poder de processamento paralelo para processar dados até 200 vezes mais rápido que em CPUs multi-core high-end. Hoje já existem mais de 60.000 desenvolvedores criando aplicações CUDA para usar o poder de processamento da GPU em seus softwares. Porem não é possível ou economicamente viável desenvolver sistemas operacionais, navegadores, messengers, editores de texto, planilhas ou programas de apresentações para a GPU pois estas aplicações são essencialmente seriais e demandam pouco poder de processamento. Mas centenas de aplicações de engenharia, física, meteorologia, simulação física e financeira, edição de fotos, vídeos, conversão de vídeos, entre outros fazem uso da GPU para executar tarefas cotidianas e do consumidor doméstico, até 200 vezes mais rápido que um programa similar que usa a CPU.

“A classificação fiscal NCM 8473.30.43

foi originalmente criada para que a indústria

importasse as placas de co-processadores matemáticos

com alíquotas de CPU.”

Com o fortalecimento do conceito de GPGPU (General Purpose Graphics Processing Unit) surgiu o OpenCL, adotada pela Apple em seu novo sistema operacional Leopard e também DirectX Compute da Microsoft, incorporado nativamente na futura versão do Windows; Windows 7. Com a inclusão destas tecnologias nos sistemas operacionais, ate as tarefas mais cotidianas como arrastar e soltar um vídeo para dentro do seu player de MP4, usa o poder da GPU para converter o vídeo e poder ser reproduzido pelo seu dispositivo. Muitos outros recursos dos sistemas operacionais, especialmente de interface, usam a GPU, liberando a CPU para outras atividades tornando o computador mais rápido ou assim exigindo CPU menos poderosas para fazer as mesmas tarefas. Ou seja, é praticamente a mesma coisa de quando tínhamos placas de co-processamento matemático Slot 1. Por sinal, a classificação fiscal NCM 8473.30.43 foi originalmente criada para que a indústria importasse as placas de co-processadores matemáticos com alíquotas de CPU pois tornavam os computadores mais rápidos, exatamente o que hoje as placas de vídeo fazem para os principais sistemas operacionais e centenas de aplicativos.

“Muitos não poderão arcar

com esses custos e, portanto comprarão

aquilo que o orçamento permite.”

Em paralelo, o que já acontece há anos é que aplicações de uso profissional, como AutoCAD, Catia, SolidWorks, GeoProbe e mais algumas centenas, listam GPUs como processadores ESSENCIAIS para rodar estas aplicações.Recentemente até o Photoshop, Premiere e After Effect da Adobe listam GPUs como componentes essenciais para habilitar recursos que afetam diretamente a produtividade de profissionais que usam estas ferramentas. No Brasil, milhares de CADistas, engenheiros, artistas, médicos, cientistas, projetistas, arquitetos, designers, geólogos, geofísicos, dependem de GPUs para executar seus trabalhos. Estes profissionais e as empresas nas quais trabalham, terão de gastar muito mais e agora em razão disso muitos não poderão arcar com esses custos e portanto comprarão aquilo que o orçamento permite, reduzindo assim a produtividade e potencialmente a qualidade de seus trabalhos.

“Estamos agora trabalhando com nossos parceiros

para viabilizar a fabricação das placas de vídeo GeForce

para consumidores, no Brasil o mais rápido possível.”

Esta mudança de fato não afeta os planos da NVIDIA no Brasil no que tange desenvolver os mercados de games, entretenimento digital e todos os inúmeros mercados profissionais acelerados pelas GPUs. Mas estes terão de pagar mais ou comprar produtos menos poderosos. Estamos agora trabalhando com nossos parceiros para viabilizar a fabricação das placas de vídeo GeForce para consumidores, no Brasil o mais rápido possível. Mesmo assim, acreditamos que o preço final de uma placa produzida no Brasil terá um aumento de 30 a 35% em relação às importadas até recentemente. Para as placas Quadro para o mercado profissional, não há como produzir estas placas no Brasil em nenhuma escala. O mercado profissional irá sofrer com o aumento de preços e não há qualquer saída. Recomendo verificar os sites de aplicações como AutoCAD, Photoshop, CATIA, Solidworks e ver os requisitos mínimos exigidos (essenciais para rodar estas aplicações). Verá que as GPUs são requisitos MÍNIMOS, e não apenas DESEJÁVEIS.

FórumPCS -Segundo alguns analistas, a intenção do governo federal é forçar a produção desses componentes na Zona Franca de Manaus. O Brasil teria condição a médio prazo de produzir as VGAs?

Richard Cameron – O Brasil já teve diversas empresas como Digitron, Flex, Terra da Amazônia, Phitronics, Jabil entre outras produzindo placas de vídeo localmente. Mas sempre se limitaram aos 3 ou 4 modelos mais básicos e nada mais. Com a alíquota de importação anterior (NCM 8473.30.43), o Brasil tinha à disposição mais de 400 modelos de GPUs disponíveis, cada uma para atender a necessidade específica de performance, custo e uso de cada usuário. Com a nova alíquota, a disponibilidade será muito reduzida a alguns poucos modelos que tem possibilidade de ser fabricado no Brasil. Com a menor oferta de modelos, reduz a concorrência entre fabricantes e modelos e o que possivelmente trará um impacto de aumento de preço ainda maior. Existe porém inúmeras dificuldades conjunturais que tornam a fabricação de placa de vídeo extremamente complicada como explicarei a seguir. Em função destas complexidades, alguns fabricantes amargaram prejuízos, existindo inclusive, um fabricante cujo nome não pode ser divulgado, que foi forçado a fechar sua fábrica, com prejuízos de milhares de dólares.

As principais complexidades para a fabricação local são:

1) Ciclo de vida de GPUs e o ciclo de vida e dinâmica de mercado de placas de vídeo.

Como dito anteriormente, as GPUs evoluem a quase duas vezes a velocidade da lei de Moore (que se aplica às CPUs), tendo novas gerações lançadas em média a cada seis meses e novos designs e produtos a cada semana no mercado internacional. Se analisarmos isso em comparação com outros produtos, vemos que as placas de vídeo e GPUs tem dentre todos os componentes de um computador moderno, o menor ciclo de vida de produto. Vejamos alguns outros produtos e seus ciclos de vida, a título de exemplo (pois não deu tempo de pesquisar a fundo):

• Placas de Fax Modem : Ciclo de vida médio : 5-10 anos

• Soquete de CPU : Ciclo de vida médio: 3-4 anos

• Interfaces de memórias : Ciclo de vida médio:3-4 anos (DDR1/DDR2/DDR3)

• Chipset de motherboards : Ciclo de vida médio:2-5 anos

• Modelos de motherboards : Ciclo de vida médio:2-3 anos

• Modelos de placas de vídeo Ciclo de vida médio:6-9 meses

Com isto em mente, analisemos as etapas e tempos para fabricar placas de vídeo no Brasil.

• Dia 0-Lançamento de um modelo fabricado na Ásia para o mercado mundial

• Mês 1-Chegada do produto no Brasil: A partir deste momento os fabricantes passam a analisar a aceitação deste modelo no mercado nacional e dimensionar demanda então iniciam estudos de custo,volume, preços e viabilidade para fabricação nacional

• Mês 2-3-Primeiros pedidos de placas em regime CKD são colocados com fabricantes na Ásia. Estes kits precisam ser transportados via marítima para serem competitivos. Somando-se tempo de preparação de kits (lead-times), trânsito marítimo, desembaraço, colocação na fábrica, fabricação e disponibilidade para entrega. Considera-se um prazo de 90 dias

• Mês 5-6 disponibilidade no mercado nacional

• Mês 6 -9 : Fim de vida (EOL-End of Life) do produto

Com base nisso, pode-se concluir que o tempo que leva para testar o mercado, pedir, produzir e entregar os produtos fabricados no Brasil resulta no lançamento de um produto em fase final da sua vida, quando não já obsoleto. Porém a complexidade não termina ai.

2) Diluição de custos fixos de fabricação (NREs-Non Recurring Expenses)

Para o início de fabricação de qualquer componente eletrônico, existem custos fixos bastantes elevados chamados pela indústria de NREs. Estes custos incluem equipamentos, stencils, treinamento de funcionários, preparação e programação das linhas de produção (soma-se down-time), equipamentos de testes (ICTs) desenvolvimento de embalagem, entre outros. Tipicamente para diluir estes custos fixos, é necessário que um fabricante mantenha um produto em linha por pelo menos seis meses. Porém como visto no ciclo de vida de produtos, o produto não vive por mais de 3 meses desde o lançamento do produto fabricado no Brasil. Portanto torna-se economicamente desafiador, planejar a diluição destes custos para um produto com vida tão curta.

3) MOQ (Minimum Order Quantity) e Economia de Escala de Produção.

Os componentes de um kit CKD como resistores, capacitores, indutores, reguladores de voltagem e muitos outros, são vendidos em “rolos” como carretéis pois assim são fornecidos pelos fabricantes destes componentes. Cada componente possui uma quantidade diferente de peças em cada rolo e estes rolos, dificilmente podem ser cortados e particionados para atender a uma demanda de um pequeno volume. Portanto, todos fornecedores estipulam MOQs para cada peça baseado no melhor denominador entre todos os componentes para que não haja necessidade de cortar um rolo e eventualmente gerar desperdício de componentes. Portanto, alguns fabricantes trabalham com MOQ de 5000, 6000, 10000 ou 12000 em geral.

Aliado a isso, para que se compense o tempo de preparação de uma linha de produção e custos fixos relativos a esta atividade, bem como diluição de outros custos fixos, é necessário para que haja uma mínima economia de escala na produção, de no mínimo 5000 peças em uma leva. Dentre os mais de 400 modelos de placas e vídeo disponíveis hoje no mercado, não mais do que meia dúzia de modelos possuem uma demanda mínima de 5000 peças/mes. Estes modelos somados representam em torno de somente 40% de todos os modelos vendidos. Os demais são impossíveis de fabricar em função de escala, MOQs ou até mesmo exigências de controle de qualidade dos fabricantes, especialmente da NVIDIA para os modelos top-de-linha, que são todos fabricados pela própria NVIDIA.

3) Fluxo de caixa, crédito e risco

Como se pode observar existe um tempo médio de 3 meses entre pedido e disponibilidade da placa de vídeo fabricada no Brasil ou 6 meses entre o lançamento no mercado exterior e disponibilidade o mercado brasileiro. Quando estas placas são vendidas no mercado nacional, os prazos médios de pagamento variam de 30 a 60 dias. Os fabricantes nacionais raramente conseguem mais do que 30 dias para pagamento aos seus fornecedores no exterior. Ou seja, existe um prazo médio de 4 meses entre pagamento e recebimento, chamado capital de giro. Se utilizarmos o seguinte cálculo podemos verificar qual o capital de giro necessário para produzir somente 5 mil placas do modelo mais barato existente é o calculado da seguinte maneira :

• Modelo de placa de vídeo de entrada : Preço estimado FOB China do kit CKD $25 dólares

• Produção de 5 mil peças /mes: Total de $125.000 dólares/mes

• Tempo entre pagamento e recebimento : 4 meses

• Total de capital de giro necessário : $500.000 dólares para produzir somente 5 mil placas/mês de um único modelo.

“Nenhum produto listado acima,

exceto memórias, sofre com uma dinâmica

de mercado tão volátil quanto GPUs e

placas de vídeo.”

Digamos que a indústria fosse produzir placas para atender a demanda atual interna de aproximadamente 450 mil placas de vídeo/mês, somente produzindo o modelo mais barato de entrada, seria necessário na soma de todos os fabricantes, de um total de $45 milhões de dólares de investimento em capital de giro. (aprox. R$ 85.500.000,00). Atualmente a indústria local não dispõe deste nível de capital ou crédito ocioso, ou muito menos seguro de crédito internacional (exigido por quase todos fornecedores da Ásia) para fabricar este volume demandado pelo mercado nacional.

Existe também o problema de risco financeiro. Nenhum produto listado acima, exceto memórias, sofre com uma dinâmica de mercado tão volátil quanto GPUs e placas de vídeo. Preços mudam semanalmente no mercado internacional em função de lançamentos de novos modelos e concorrência entre fabricantes de placas e GPUs. Entre o lançamento de uma GPU e o seu EOL (End of Life), a GPU sofre diversas quedas de preço. A GPU nos modelos de entrada, pode representar em torno de 30% do custo de uma placa e por si só já sofre com quedas de preço que não podem ser repassados via proteção de preço para os fabricantes que possuem kits em trânsito, fabricação ou estoque. Os chips de memórias, componentes essenciais nas placas representam outros 30% do custo. Os preços de chips de memórias flutuam constantemente e radicalmente, às vezes de forma tão voraz e volátil quanto ações em bolsas de valores. Fabricantes de memória também não tem como oferecer proteção de preço. Enfim, o risco de desvalorização e perda financeira é muito grande para um investimento de US$ 500 em produção de 5 mil placas/mês.A indústria nacional historicamente tem apostado e investido em produtos com menor volatilidade e risco financeiro.

FórumPCS -Alguns usuários aqui do FórumPCS protestaram muito e vários posts destacam que “o Brasil deu um passo grande para trás”. Até que ponto o Sr. concorda com a afirmação?

Richard Cameron – Acredito que nosso governo sempre tem como objetivo fazer aquilo que é melhor para nós. Porém, acredito que o Governo Brasileiro não tenha ainda plena consciência da dinâmica e complexidade descritas para a produção de placas de vídeo no Brasil. Acredito também que o governo ainda não tenha tido a oportunidade de analisar o impacto negativo nas indústrias criativas, produtivas e cientificas e como isso afetará negativamente o tempo de descoberta, inovação e até bem estar social. Acredito ainda que ainda não tenha pleno entendimento do fato que uma placa de vídeo, embora seja uma “placa” usualmente associada às placas mais simples e commoditizadas como placas de TV, Placas de Fax Modem, Placas de Rede, (muito fáceis de produzir, baratas e quase sem risco financeiro) é de fato um meio para entregar ao consumidor um segundo processador com uma capacidade de processamento fenomenal e que vem sendo usado de milhares de maneiras e não somente para jogos de computador. Talvez também não tenha conhecimento da importância que a GPU representa para a melhor experiência e performance de novos sistemas operacionais e também não tenha conhecimento das centenas de aplicações baseadas em CUDA que usam as GPU para gerar resultados de 5 a 200 vezes mais rápidos que CPUs, tanto em aplicações científicas como em aplicações do cotidiano para usuários domésticos.

“A NVIDIA obedece e acata a decisão atual

e já esta trabalhando para tentar minimizar

as poucas complexidades de fabricação.”

Tenho plena convicção que o governo brasileiro fará sempre o que é melhor para o desenvolvimento sustentado de todas as indústrias nacionais a longo prazo e em breve sentirá os efeitos da decisão e mais cedo ou mais tarde reverterá esta decisão. Cabe à classes profissionais, agências de fomento, artistas digitais, engenheiros, arquitetos, cientistas, médicos, e a população em geral que depende dos processadores gráficos para entretenimento digital, a se manifestarem individual ou coletivamente e apresentar os efeitos negativos que tal medida representa para a sua vida e profissão e finalmente à economia a longo prazo. A NVIDIA obedece e acata a decisão atual e já esta trabalhando para tentar minimizar as poucas complexidades de fabricação sobre as quais podemos atuar para tenta atender pelo menos uma pequena parcela da demanda latente.

FórumPCS -O senhor tem idéia de quem se beneficiaria de uma medida destas?

Richard Cameron – Ainda é cedo para dizer.E neste momento não nos cabe especular.

FórumPCS -O usuário do FórumPCS, ARBALEST, postou uma dúvida no site a respeito do assunto. Segundo ele, “Tirando o lado de consumidor e olhando pelo lado de um fabricante (montador) a Digitron tem uma boa oportunidade de ingressar no mercado de montagem de VGAS aqui no Brasil, uma vez que a gigabyte produz VGAs também. Agora só uma dúvida: o que for fabricado aqui somente pagara IPI? Em pouco tempo os valores irão subir 31%? Isso procede?”

Richard Cameron – Sim. Uma placa de vídeo fabricada no Brasil também paga IPI. Os impostos de importação de kits e seus componentes são bem inferiores a importação das placas com a nova alíquota. Porém no Brasil a mão de obra custa quase 10 vezes mais que na Ásia. Mesmo produzindo no Brasil haverá um aumento significativo do custo das placas fabricadas no Brasil em relação às placas até então importadas com a NCM 8743.30.43 com Imposto de Importação de 0% e IPI de 2%. Teremos também muito menos modelos para escolher e seus ciclos de vida será mínimo quando não obsoletas e custarão mais. Quem precisar de modelos melhores terá de pagar muito mais.

FórumPCS -O T-Rodman, outro usuário do FórumPCs, questiona se com esta nova política os “notes com VGA também, em tese, vão sofrer com o aumento de preço nesse componente?”

Richard Cameron – Não. A resolução aplica-se somente a PLACAS de vídeo como componentes de computadores fabricados no Brasil.Nos notebooks as GPUs NVIDIA já vem incorporadas dentro do produto e a alíquota é a mesma para o notebook.

FórumPCS -O Clart, também usuário, faz um questionamento. Segundo ele comenta no seu post “No passado quando eu falei (Clart) que existe uma cultura imediatista no empresariado Brasileiro, que particularmente, limita muito esse mercado “high-end” fui quase “atacado” aqui no fórum, agora gostaria que alguém explicasse por que as placas eram tão caras? Agora a culpa é do governo e seremos nós os consumidores/contribuintes que iremos pagar o pato? Os impostos não eram a razão para as placas serem tão caras aqui???”

Richard Cameron – Esta é uma pergunta muito relativa.A noção do que é caro ou barato depende muito do motivo pelo qual o usuário compra uma placa. Para uma grande firma de engenharia civil, uma placa é muito barata comparado à produtividade que seus engenheiros obtém em criar projetos de pontes, túneis etc. Para alguém com alguns poucos salários mínimos, uma placa de entrada pode parecer cara. Caro também pressupõe que se esteja comparando com outro item similar ou o mesmo item no exterior. Se formos analisar pelo lado da tecnologia e que GPUs são processadores muito mais poderosos para processamento com centenas de núcleos e bilhões de transistores, são muito baratos em relação a CPUs com quatro núcleos, a metade do número de transistores e uma fração da capacidade de processamento. A noção de caro é relativo.

“As GPUs são os processadores

mais baratos do mundo.”

Já se concordarmos que GPUs são processadores multi-core com centenas de núcleos formados por bilhões de transistores e uma capacidade de processamento medida em gigaflops, veremos que de fato as GPUs são os processadores mais baratos do mundo. Vamos fazer a seguinte análise :

•Um processador Intel Core i7 de 3.2 Ghz presumindo um processamento de 8 flops/clock vezes 4 núcleos, resulta teoricamente em 102.4 Gflops de capacidade de processamento. O preço deste processador no varejo dos EUA = $ 1000,00

•Resultado = $9,76 por Gflop

•Uma GPU GeForce GTX 285 de 1457 Mhz, 3 flops por clock vezes 240 núcleos, resulta teoricamente em 1062 Gflops de capacidade de processamento. O preço de uma placa de vídeo com este processador gráfico (já incluindo placa, dissipador, 1Gb de memória) no varejo nos EUA = $ 329,00

•Resultado = $0,31 por Gflop

•Ou seja, Por esta ótica simplista de preço por capacidade de processamento, uma CPUs custa 31 vezes mais que GPUs. Obviamente que esta é uma análise simplista somente de capacidade bruta de processamento. Usuários típicos nunca usam esta carga de processamento tanto em CPUs como em GPUs. Novamente a noção do que é caro ou barato é relativo.

FórumPCS -O senhor acredita que a medida vai estimular o descaminho (ou contrabando como popularmente é chamado) na comercialização das VGAs?

Richard Cameron – Acredito que sim. Em 2004 quando as placas de vídeo tinham uma tributação de 12% de Imposto de Importação e 15% de IPI em outra classificação fiscal, o mercado consumia aproximadamente 140 mil placas de vídeo por mês sendo que 98% desde volume era importado por vias não regulares ou legais. Tudo nos leva a acreditar que este cenário está muito próximo de acontecer novamente. O motivo pelo qual as placas tinham esta outra classificação no passado era por que a GPU não era ainda considerado um microprocessador e não realizava muito mais do que acelerar jogos. Hoje as GPUs, (e desde a geração 8 da GeForce), são processadores multi-core, programáveis e com capacidade de processamento muito maior que CPUs e como dito anteriormente, aceleram até mesmo os sistemas operacionais novos tornando qualquer tipo de computador mais rápido e produtivo.

FórumPCS -O Paulo Couto, Editor Chefe do FórumPCs, comenta a medida dizendo que “o Brasil não produz VGAs (se produz, os volumes não são significativos), portanto taxar a importação não “preserva” a indústria local. As CPUs (processadores) são isentos de imposto de importação e só pagam 2% de IPI. Os IGPs também. Portanto quem tem chipset com IGP vai continuar importando com isenção, e quem tem (ou terá) processador com GPU integrada também.” A pergunta que o Paulo faz é “Então, essa lei ajudou a quem? e prejudicou a quem? Qual foi a motivação para alterar a classificação fiscal das VGAs?”

Richard Cameron – Como disse anteriormente, ainda é cedo para dizer a quem esta medida ajudou. Mas certamente não ajudou as cerca de 160 mil pessoas, consumidores, profissionais que consomem placas de vídeo todo mês. Não temos idéia de qual foi a motivação e não nos cabe o papel de descobrir. Acredito ser este o papel da imprensa. Cabe-nos o papel de transmitir o impacto nas indústrias e classes de consumidores que usam as GPUs direta ou indiretamente para produzirem mais e exercerem sua criatividade. Cabe-nos a responsabilidade de adaptar a nova situação e trabalhar com nossos clientes para que os consumidores não fiquem sem produtos.

“Ainda é cedo para dizer a quem esta medida ajudou.

Mas certamente não ajudou as cerca de 160 mil pessoas,

consumidores, profissionais que consomem placas de

vídeo todo mês.”

Richard Cameron Anderson,

Country Manager-Brazil

Este foi mais um trabalho de equipe do FórumPCS

Entrevista-Luis Sucupira

Revisão-Wesley Moraes

Colaboração-Paulo Couto

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