Sobre Prefeitos e Motos: Vista grossa de um lado e desrespeito do outro contribuem para piorar ainda mais o quadro.

Sobre Prefeitos e Motos

Pilote seguro e seja educado.

A falta de fiscalização de motociclistas no interior do Brasil é algo que precisa ser investigado. Há muito que se mexer nesse buraco que fica cada vez mais fundo. Não fiquei alarmado com os números crescentes de mortos, aleijados e mutilados por conta de acidentes com motos. Já sabia que a maioria deles acontece com motos de menor cilindrada e que na grande maioria o álcool estava presente e o capacete ausente.

Boa parte dessas máquinas roda, por anos a fio, no interior do Brasil apenas com um licenciamento. Os seus compradores emplacam a moto uma vez pra retirá-la da concessionária, depois disso, nunca mais! A não ser que cheguem a ter a moto apreendida e que nenhum parente importante apresente-se para interceder por ele.

As concessionárias por sua vez já cuidam de dar cursos gratuitos de primeiros-socorros, sobre teoria da boa pilotagem, equipamentos de segurança e mecânica para manutenção básica. Já não acham isso uma grande bobagem, pois o mais importante agora não é só vender muita moto. Perceberam que, ao educarem o motociclista, ele viverá mais e, vivendo mais, volta a comprar outra moto e ainda irá contribuir para reduzir a imagem de extrema periculosidade desse tipo de transporte.

Falta fiscalização ou é vista grossa mesmo?

O pior de tudo isso é que as prefeituras, responsáveis pela fiscalização do trânsito através das suas autarquias, pouco fazem! Motociclistas andando sem capacete, capacete no braço, motos totalmente irregulares; muitas delas roubadas de outras cidades. Motos com três, quatro e até cinco pessoas em cima. Bebida em excesso, facilitações na concessão de carteira e muitas outras irregularidades estão à flor da pele, postas a nú e impunes. Andar fora da regra quando quem deveria cobrar não faz é ainda pior. Já vi policiais levando capacete no braço e na cabeça como chapéu.

A falta de uma educação de trânsito, de uma fiscalização mais rígida e de uma melhor orientação sobre uso de equipamentos de segurança fazem com que a mortalidade e o exército de aleijados aumente a razão média de 12 pessoas por dia no Brasil, um número semelhante ao produzido pela Guerra do Iraque.

Os prefeitos temem apertar a fiscalização e com isso tornarem-se antipáticos e perderem votos dos seus eleitores e familiares. A conta é bem simples: fazendo vista `grossa´ os prefeitos evitam perder votos. Alguns até prendem, mas depois soltam pra fazer uma média. Se resolverem fazer a fiscalização como deve ser, perdem mais do que ganham. Se for moderado ou se deixar `correr frouxo´ não perdem nada. O máximo que pode acontecer é terem que pagar o caixão, o enterro ou encaminharem de ambulância para a capital, transferindo o problema para outra cidade ou para o governo do estado, pois a grande maioria das prefeituras é despreparada para atender acidentados com motos.

Vista grossa de um lado e desrespeito do outro contribuem para piorar ainda mais o quadro.

Senhores prefeitos, a responsabilidade é grande. Antes de ser um castigo eleitoral será uma questão de solidariedade.

Senhores prefeitos, a responsabilidade é grande. Antes de ser um castigo eleitoral será uma questão de solidariedade. Uma causa humanística de respeito à pessoa, pois em cima de uma moto há no mínimo uma vida. O motociclista que não usa equipamento e vive nessa permissividade é um potencial aleijado a se tornar mais um peso para a sua família. A educação de trânsito e principalmente a fiscalização rigorosa vão reduzir drasticamente esses índices que tanto enlutam e fazem sofrer várias famílias desse país.

No mesmo dia em que vi a notícia de que as estatísticas aumentaram vi a repórter entrevistando um prefeito que cuidava de seu irmão, deitado na UTI, há vários dias, em coma, 12 cirurgias e um custo grande pois o prefeito deixou a cidade pra cuidar do irmão. Para piorar ainda mais a situação, ao ser perguntado pelo repórter se o irmão estava usando o capacete, o prefeito disse que não, estava com ele no braço.

Vale destacar que existe um percentual na verba de seguro obrigatório destinada a promover vários tipos de ações de educação de trânsito, porém, boa parte dela volta aos cofres do Governo Federal por falta de projetos que contemplem essa finalidade. Durma-se com um barulho desses! Se a educação for aplicada corretamente a fiscalização será bem mais fácil de se fazer. É um trabalho árduo, longo e desgastante, mas valerá a pena contar as vidas poupadas a cada dia, mês e a cada ano e, assim, não voltar mais a falar sobre prefeitos e motos.

Em bom latim: quosque tandem abutere patientia nostra, até quando vão abusar da nossa paciência.

Educação já!  Saudações motociclistas.

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Redação Geral

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