Quem é Julian Assange?

O mais novo inimigo dos EUA

Principal responsável pela divulgação de centenas de milhares de documentos sigilosos, o criador do site WikiLeaks, Julian Assange, preso em Londres nesta terça-feira (7), é discreto sobre sua vida, troca de telefone com freqüência, evita cartões de crédito e costuma dar nomes falsos em hotéis.

O pouco que se sabe sobre ele está num longo perfil publicado pelo jornalista Raffi Khatchadourian para a revista americana “New Yorker” em junho, antes de Assange se tornar um dos principais inimigos dos EUA e pop star para internautas e anti-americanos.

Segundo a reportagem, Julian Paul Assange nasceu em 1971 em Townsville, no nordeste da Austrália. O mais provável, no entanto, é que ele tenha nascido em trânsito, já que os pais dirigiam uma companhia de teatro itinerante. Aos 16 anos, Assange tinha um modem e seu computador foi transformado em um portal. Ainda não existiam websites, mas as redes de computadores e sistemas de telecomunicações estavam suficientemente ligadas para formar uma rede que alguém com grande conhecimento técnico conseguiria invadir.

Com o surgimento da internet, entrou para o mundo da pirataria. Junto com outros hackers, em 1991 admitiu que havia invadido os sistemas da Universidade Nacional da Austrália, o Instituto de Tecnologia Royal Melbourne (RMIT) e a empresa de telecomunicações canadense Nortel.

Acusado de 20 delitos, acabou sendo condenado apenas a pagar uma multa de 2,1 mil dólares australianos –sob a condição de que não voltaria a cometer outros crimes. Junto com a acadêmica Suelette Dreyfus, ele lançou “Underground”, que se tornou best-seller entre internautas, no qual descreve as regras da subcultura hacker.

Em 2006, abandonou os estudos em matemática e física na Universidade de Melbourne e fundou o WikiLeaks, com o objetivo de publicar informações filtradas de “regimes opressores” como China, a antiga União Soviética, a África Subsaariana e o Oriente Médio, sem deixar à margem as “condutas pouco éticas” de países do Ocidente.

O site começou a recebeu colaborações de várias partes do mundo, se tornando uma fonte segura para delatores. O site é mantido por centenas de voluntários e uma equipe de apenas três a cinco colaboradores com dedicação exclusiva. Conhecidos apenas pelas iniciais, eles se comunicam por meio de mensagens criptografadas.

Por segurança, o WikiLeaks mantém seu conteúdo em mais de 20 servidores ao redor do mundo e utiliza centenas de domínios – bancados por voluntários e doadores. O site chegou às manchetes do noticiário em abril, quando divulgou um vídeo de 38 minutos feito por um helicóptero americano no Iraque em 2007. As imagens mostravam os soldados matando ao menos 12 pessoas, entre os quais dois jornalistas da Reuters, durante um ataque a Bagdá. Desde então, Assange começou a dar entrevistas para defender o site. Em julho e outubro, centenas de milhares de documentos militares americanos relativos às guerras no Afeganistão e no Iraque foram divulgados.

Em agosto de 2010 a Justiça sueca iniciou processos relacionados a duas denúncias contra ele, uma por estupro e outra por abuso sexual. Pela acusação de estupro, em 18 de novembro de 2010, a Corte de Apelação de Estocolmo recorreu à Interpol, polícia internacional, para executar a detenção e extradição. Seu advogado recorreu, mas em 2 de dezembro a Corte Suprema manteve a decisão de prisão.

Após iniciar a divulgação dos cerca de 251 mil documentos sigilosos da diplomacia americana, em 28 de novembro, Assange se tornou um dos homens mais procurados do mundo. Entregou-se à polícia de Londres nesta terça-feira (7). A promotora pública sueca que expediu o mandado de prisão contra o australiano disse que a detenção tem a ver com os crimes sexuais, e não com a divulgação dos documentos secretos norte-americanos. O WikiLeaks informou que continuará a divulgação.

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Redação Geral

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