Prevenção de acidentes com motos: O princípio ERA – Evitar, Reduzir e Amenizar.

ERA - Evitar, Reduzir e Amenizar

Muito se fala na mídia sobre acidentes com motos. Culpam uns e outros e quase nenhuma proposta é apresentada de forma simples e que possa ser adotada, rapidamente, como um primeiro passo para Evitar, Reduzir e Amenizar tais sinistros.

Minha proposta se baseia nestas três letras que forma uma palavra: ERA – Evitar, Reduzir e Amenizar. Vou tentar ser o mais direto e o mais simples possível sem, no entanto, ser coloquial demais.

‘E’ de Evitar acidentes:

Mudanças na concessão da CNH

Para evitar acidentes é necessário modificar o sistema de preparação de um aluno que deseja obter carteira de habilitação. O correto seria incluir na grade curricular disciplinas, teóricas e práticas, que abrangessem o MOTOCICLISTA, a MOTO e o SISTEMA VIÁRIO (aqui inclui clima, tipo de estrada e condições adversas).

Outro pronto está relacionado ao fato da fiscalização. Muitas pessoas têm moto e não tem habilitação. Uma confirmação disso é que no Ceará, terceiro mercado em venda de motos no Brasil, segundo do DETRAN local, existem cerca de 300 mil pessoas dirigindo sem habilitação e a maioria é de motociclistas, ou melhor, pessoas que tem moto. Grande parte dessas pessoas aprendeu sozinha e não desenvolveu uma atitude mental de prevenção e anti-hesitação.

‘R’ de Reduzir os acidentes

Palestras, cursos práticos e teóricos gratuitos e campanhas coordenadas por fabricantes e suas associações podem ajudar bastante a reduzir acidentes com moto. Já se sabe que os dias em que mais caem motociclistas são respectivamente a sexta (noite), Sábado(depois do meio dia e até o inicio da madrugada do domingo) e Domingo logo cedo e à tardinha. Principal fator? Álcool, drogas (e aqui incluímos remédios tais como alguns antigripais, calmantes e relaxantes musculares que tiram os preciosos reflexos de quem pilota) e alimentação deficiente (o que eu chamo de hipoglicemia, problemas com pressão alta e baixa etc.).

Sabe-se onde estão as festas e onde estão os bares, mas a fiscalização não chega a eles.

Outro fator importante trata-se da manutenção da ferramenta moto. Sim, quem trabalha em cima de uma sabe que ela é mais que transporte – é sim a sua ferramenta de trabalho e ferramenta mal cuidada e sem manutenção tem baixa produtividade e proporciona o aumento do risco de acidentes.

‘A’de Amenizar

Os acidentes com motos geram traumas, raladuras, fraturas, amputações enfim, ferimentos muito semelhantes aos que sofrem soldados em uma guerra. Para amenizar o problema seria necessária a adoção de medidas simples e que ajudariam a reduzir o tempo de internação em UTIs ou emergências dos principais hospitais do Brasil. Vamos às principais:

1 – Eliminação da cobrança de todos os impostos na compra do kit de proteção fundamental que seria capacete, caneleira, cotoveleiras e luvas. Este kit a ser homologado pelo INMETRO precisaria estar de acordo com normas internacionais de segurança e não apenas com as determinadas pela conveniência de alguns fabricantes. Isso ajudaria a acabar com os justos questionamentos daqueles motociclistas que desejam e podem ter equipamentos importados de excelente qualidade a preços verdadeiramente módicos.

Kit Fundamental

2 – Revisão da Norma que homologa capacetes. Não é concebível que um capacete que custe 40 reais, com todos os impostos inclusos, tenha a mesma eficiência de segurança de um de marca consagrada pelos motociclistas. Não se justifica homologar capacetes com viseiras ‘pet’, casco misturado parte em fibra e parte em plástico que se degrada rapidamente. O INMETRO sabe que precisa rever isso, pois o teste de resistência principal – que é jogar um peso sobre o topo para medir resistência a impactos – apenas irá cobrir 0,4% dos choques a que estão sujeitos um capacete quando de um acidente. Vale destacar que a parte mais mal projetada de um capacete do tipo ‘PET’ é exatamente na queixeira – lugar que responde pelos maiores impactos – respectivamente 19,4% para o lado direito e 15,2% para o lado esquerdo.

3 – Homologação de protetores de motores e pernas – os tais mata-cachorros – para que tenham eficiência (ou seja – para que, em caso de acidente, não deformem tão facilmente e com isso acabem contribuindo para gerar fraturas e prender os pés de motociclistas) em velocidades de até 60km/h e não a resistência existente hoje que não passa (nos melhores casos) dos 25 km/h. Tais peças, por estarem relacionadas a segurança do motociclista deveriam estar totalmente isentas de impostos e fazer parte do kit fundamental como por exemplo as antenas corta-cerol.

4 – Revisão do sistema de segurança viária e dos equipamentos usados nas vias e rodovias. Uma delas seria a substituição ou adequação de projetos relacionados a obstáculos, tais como tachinhas, tachões, gelos-baianos e guard-rails.

5 – Regulamentação, em nível nacional, das profissões onde a moto seja uma ferramenta de trabalho e a sua inclusão nas políticas de Prevenção de Acidentes de Trabalho sob responsabilidade da Previdência Social. Neste mesmo escopo a definição de uma data limite para que todos os municípios brasileiros implantem os DEMUTRANs.

Eu acredito que, se a imprensa como um todo – e não somente a especializada – abraçasse a causa de educação de trânsito, em vez de falar apenas de acidentes, muitas vidas seriam salvas, traumas e mutilações seriam drasticamente reduzidos.

De nada adianta discutir os efeitos se as causas são deixadas de lado. Nada adianta dizer quantos morreram se a mídia não consegue estimar quantos poderiam ser salvos se as causas fossem combatidas com a sua imprescindível ajuda.

Você deve estar pensando que é muita coisa para fazer. Eu digo que não, basta que duas palavras deixem de ter apenas o significado proverbial e passem para uma ação prática, são elas: ATITUDE e MOBILIZAÇÃO.

Sem isso vamos continuar aqui reclamando uns dos outros. Os cães continuarão latindo e as caravanas de mortos continuarão passando.

 

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Redação Geral

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