Os chineses, pressionando os preços pra baixo. Por Joel Leite

 “Por enquanto estamos trabalhando com a dúvida do consumidor em relação aos chineses, mas não podemos esperar muito. Temos que tomar uma atitude”.
A reação do responsável por um grupo de concessionárias de São Paulo mostra a preocupação do mercado com os concorrentes chineses, que chegaram oferecendo um tipo de carro que o consumidor de entrada nunca tinha experimentado. Sabe lá o que é comprar um carro com trio elétrico, ar condicionado, airbag, freios ABS de série? Pra quem até agora tinha um Gol pelado ou um Palio básico? Por muitos anos as montadoras eliminaram qualquer item que pudesse aumentar o custo final. Os carros de entrada não tinham nem mesmo retrovisor do lado direito quando o equipamento não era obrigatório.

Por menor que tenha sido o impacto das duas principais marcas chinesas no mercado, Chery e JAC, elas já protagonizaram o início de uma nova era no varejo brasileiro.
Com apenas 8% de fidelidade à marca – um dos menores índices do mundo, ao lado dos chineses – o consumidor brasileiro está aberto para experimentar as novidades quando elas oferecem alguma vantagem financeira e respeito que muitas vezes não tiveram das marcas tradicionais.
Muitas montadoras reposicionaram os preços dos seus carros na faixa do J3, que a JAC lançou dia 18 de março. Nesses dois meses a marca vendeu 5,5 mil unidades. A Chery, que chegou no ano passado, vendeu 5.012 carros de janeiro a abril.
A Renault passou a equipar o Sandero e está oferecendo o carro com desconto de R$ 3 mil.
O preço do Citroën C3 caiu de 2% a 5,3% nos quatro primeiros meses do ano, mesmo considerando que o carro passou a ser modelo 2012 (veja tabela).
A Peugeot também baixou o preço do 207, que custava um pouco acima do J3, mas com certeza começa a ser afetado. O carro virou 2012 e ficou mais barato.
Os bônus da Volkswagen para o Fox e o Voyage atingem também a linha 2012, que mal foi lançada. No Fox a fábrica dá um desconto de R$ 730,00 para a linha 2011 e de R$ 420,00 para a 2012. Já o Voyage tem um bônus mais generoso: R$ 1,9 mil para o 2011e R$ 1,2 mil para o 2012.
O Punto, da Fiat, e o Agile, da GM, também tiveram o preços reduzido na linha 2012 (veja tabela).
Mas nenhuma dessas ações foi tão direta em cima do JAC J3 como a da Ford, que passou a veicular uma campanha na segunda quinzena de maio: Fiesta com os mesmos itens oferecidos pela JAC e com o preço idêntico: R$ 37.990,00.
Ameaçadas, as concessionárias estão trabalhando com a dúvida do consumidor, argumentando que comprar hoje um carro chinês é um risco.
Pode ser um mico.
Lembra do Lada?
Como será o pós venda?
Vai ter peça de reposição?
Quanto tempo vai demorar pra consertar o carro?
Seis anos de garantia pra que? Pra ficar nas mãos dos caras?
E na hora de vender, quanto vai valer esse carro?
Você percebe que todos esses argumentos são provisórios? Com o tempo eles perderão a eficiência. Serão confirmados ou superados. O preconceito contra os japoneses, lá atrás, levou vinte anos para ser superado. Os coreanos quebraram a resistência do consumidor em menos de dez anos e a expectativa em relação aos chineses é de que, menos de cinco anos, eles eliminarão todas essas dúvidas do consumidor.
Por isso, quem quiser driblar essa nova onda, é melhor começar a pensar numa mudança de repertório para os próximos anos.
Alguns concessionários consultados foram unânimes em relação ao enfrentamento que os revendedores de outras marcas devem empreender com os chineses.

“Quem ainda não reagiu vai ter que reagir. Afinal, já estamos escolados com o que aconteceu com os coreanos. Ficamos paralisados achando que a Hyundai e a Kia não iriam vingar e veja o que aconteceu: os coreanos conquistaram uma fatia importante do mercado. Desta vez temos que tomar cuidado e neutralizar logo os chineses”.

Joel Leite

Carros que tiveram queda de preço (*) no período jan-mai/2011

 

MARCA_TIPO VERSAO

Ano

10/1/2011

Ano

25/5/2011

Var.%

FIAT PUNTO(Flex) ESSENCE 1.6 16v  4p

2011

46.000

2012

44.000

-4,3

Citroën C3 flex Exclusive 1.6 16v  4p

2011

46.000

2012

44.500

-3,3

Citroën C3 flex XTR 1.6 16v  4p

2011

49.500

2011

47.500

-4,0

Citroën C3 flex Exclusive 1.6 16v Aut.  4p

2011

49.000

2012

48.000

-2,0

Citroën C3 flex) Exclusive SOLARIS 1.6 16v  4p

2011

47.000

2012

44.500

-5,3

Citroën C3 flex) Exclusive SOLARIS 1.6 16v Aut.  4p

2011

51.000

2012

48.500

-4,9

Ford Fiesta hatch flex 1.0 8v  4p

2011

26.900

2012

28.000

4,1

Ford Fiesta hatch flex 1.6 8v  4p

2011

33.000

2012

32.000

-3,0

Ford Fiesta sedã  flex 1.0 8v  4p

2011

32.800

2012

31.000

-5,5

Ford Fiesta sedã  flex 1.6 8v  4p

2011

36.900

2012

34.900

-5,4

Chevrolet Agile hatch LT 1.4 8v flex  4p

2011

35.500

2012

35.000

-1,4

Chevrolet Agile hatch LTZ 1.4 8v flex  4p

2011

40.300

2012

41.000

1,7

Peugeot 207 hatch flex XS 1.6 16v  2p

2011

40.500

2012

39.300

-3,0

Peugeot 207 hatch flex XS 1.6 16v  4p

2011

42.930

2012

41.658

-3,0

Volkswagen Voyage G5 flex 1.6 8v  4p

2011

36.500

2012

36.000

-1,4

Volkswagen Voyage G5 flex COMFORTLINE 1.6 8v  4p

2011

42.000

2012

44.000

4,8

Volkswagen Voyage G5 flex TREND 1.6 8v 4p

2011

38.900

2012

39.100

0,5

VOLKSWAGEN Fox flex 1.6 8v  4p

2011

36.500

2012

36.800

0,8

VOLKSWAGEN Fox flex 1.6 8v(I-Motion) 4p

2011

39.500

2012

39.300

-0,5

 

 

Fonte: AutoInforme/Molicar

  (*) Preço praticado, conforme tabela Molicar

 

 

Preço vem caindo desde o início da crise
A chegada dos chineses mexeu com alguns segmentos do mercado, notadamente o de carros pequenos de entrada e também os chamados premium. Mas o preço do carro zero não vem caindo desde a eclosão da crise econômica, no último trimestre de 2008, agravado pela concorrência cada vez maio no mercado brasileiro: em maio, os catálogos das montadoras e importadoras somavam cerca de mil opções para o consumidor, considerando todas as versões de carroceria, motorização e acabamento.

O preço caiu 4,2%, na média, somente no mês de dezembro de 2008. Em 2009, seguiu uma sequência de quedas mensais que culminou com mais uma desvalorização anual de 1,2%. Em 2010, uma pequena recuperação, alta de 1,38%, um índice ainda bem abaixo da inflação. Neste ano houve um aumento de apenas 0,34% de janeiro a abril, também bem abaixo da inflação oficial.

Veja os gráficos.

 

Fonte: AutoInforme/Molicar

 

Fonte: AutoInforme/Molicar

 

Fonte: AutoInforme/Molicar

Fonte: AutoInforme/Molicar

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